Vívian Oliveira – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Um levantamento apontou que o Brasil, entre 30 países pesquisados, é o de maior carga tributária e o que pior proporciona retorno dos impostos à sociedade com serviços públicos. Diante deste cenário, o Portal RIOS DE NOTÍCIAS foi às ruas de Manaus para saber a opinião dos amazonenses sobre o tema.
O Índice de Retorno de Bem-Estar à Sociedade (IRBES), levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), apontou um descompasso entre o pagamento de altos impostos e o que se vê no cotidiano do manauara.
Saiba mais: Brasil tem pior retorno de impostos entre 30 países avaliados
A estagiária da área de saúde, Mônica Costa, afirma que o sistema de saúde é inexpressivo, causando nela uma insatisfação e descrédito nas notícias que circulam, informando o contrário.
“Eu vejo sair que Manaus é o primeiro lugar em saúde. E aí quando a gente vai em atendimento, onde tá esse primeiro lugar? Onde está esse pra gente? Saem essas pesquisas e tal, enaltecendo o estado e o país, mas o povo não vê um retorno significativo”, questiona Costa.
“Falta em tudo. Na educação. A minha atuação dentro do hospital, por exemplo, a gente vê a situação precária com falta de mantimentos, de medicamentos, falta de cuidados paliativos. É notável em todos os setores, na saúde, educação, oportunidades de emprego, no setor industrial”, disse.

A gari Mariene Oliveira de Sousa ressaltou a dificuldade do custo de vida em Manaus e destacou a necessidade de melhorias no transporte público.
“A gente trabalha muito e aqui o custo não é fácil, né? Mas eu creio que o prefeito David Almeida está trabalhando para isso, a gente vê o esforço dele. Mas falando de serviço público, acho que o transporte público precisa melhorar porque eu ando de ônibus. Então, pode melhorar muito mais. Já teve uma melhora. Já colocaram novas frotas com ar-condicionado. O esgoto também é algo muito importante”, afirmou.

A cozinheira aposentada, Elenice da Silva Cruz, denuncia a precariedade na assistência médica e educação. A falta de segurança, especialmente para seu neto, a preocupa.
“Isso é a pura verdade. Nós pagamos muito imposto e não temos serviços públicos. Nós vivemos da caridade dos médicos. Eu tenho excelentes médico, mas eles reclamam que são mal remunerados, muitas vezes não tem nem material ou equipamento”, disse.
“Também falta melhorar escola porque quando nós queremos que as crianças tenham uma educação um pouquinho melhor, a gente tem que pagar um colégio particular, porque não existe mais segurança. A gente sai com medo e volta para casa com medo de não chegar em casa. E eu nunca vivi uma situação tão precária como essa, abandonados pelos nossos governantes. Em época de eleição, todo mundo é bonzinho, quer pegar na nossa mão, mas quando chegam lá, se corrompem. E quem sofre somos nós”, ressaltou a cozinheira.
O autônomo Paulo dos Santos destacou a desproporção entre os altos impostos pagos e a falta de benefícios perceptíveis, citando a problemática do serviço de esgoto na cidade.
“O nosso serviço público aqui no Brasil, ele é muito devagar, entendeu? A gente paga muito e recebe pouco. Por exemplo, o esgoto. Ninguém tem serviço de esgoto aqui em Manaus, mas cobram”, contou dos Santos.


Pesquisa
O estudo do IBPT analisou a relação entre carga tributária e retorno dos recursos à sociedade. O Brasil fica atrás de países latino-americanos, como Uruguai e Argentina. O levantamento foi coordenado por João Eloi Olenike, Gilberto Luiz do Amaral e Letícia Mary Fernandes do Amaral.
A Irlanda lidera o ranking pelo quinto ano consecutivo, destacando-se pela eficácia na aplicação dos tributos em serviços que beneficiam a qualidade de vida.
Enquanto isso, o Brasil enfrenta desafios estruturais, com estados como Distrito Federal, São Paulo e Rio de Janeiro liderando, e outros como Bahia e Amazonas apresentando desempenho inferior no retorno dos impostos em serviços para a população.
O resultado do estudo indica a urgência de reformas e ajustes estruturais para otimizar a relação entre a carga tributária e os benefícios tangíveis proporcionados pelos serviços públicos ao consumidores.