Gabriela Brasil – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Após o surgimento da pandemia da Covid-19, milhões de pessoas viram sua renda diminuir com o aumento do desemprego e, por consequência, da desigualdade econômica.
Em 2022, a discrepância da renda dos mais pobre em relação aos mais ricos diminuiu. No entanto, não o suficiente, ao ponto de cerca de 10,7 milhões de pessoas terem sobrevivido com apenas R$ 2,90 por dia.
Dois anos depois da pandemia, o Brasil apresentou uma pequena redução no índice de desigualdade econômica. A pesquisa do IBGE, divulgada na quinta-feira, 18/5, revelou que a renda da metade mais pobre da população subiu para R$ 537 mensais, de 2021 para 2022, um aumento de 18%.
Por outro lado, a renda dos mais ricos caiu para R$ 17.447, em 2022, uma redução de 0,3% em comparação com 2021.
Com as mudanças nos arranjos de renda entre as duas classes, a distância entre a metade mais pobre e pequeno grupo dos 1% mais ricos do país sofreu uma queda. No entanto, a diminuição ainda continua pequena.
A pesquisa do IBGE aponta que em 2022, o grupo que ganhava em média R$ 17 mil possuía um rendimento mensal 35 vezes maior que a metade mais pobre. Em 2021, a desigualdade era ainda maior: os 1% mais ricos ganhavam 38,4 vezes mais que a metade mais pobre.
Em 2022, os 5% mais pobres, que somam 10,7 milhões de pessoas, detinham apenas R$ 2,90, uma renda mensal de R$ 87 por pessoa. De acordo com o IBGE, houve um crescimento de 102,3% em relação a 2021.
Políticas públicas
Conforme o economista Mourão Júnior, para o Brasil combater a desigualdade econômica é necessário mais investimento em políticas públicas para geração de emprego e qualificação para o aumento do ganho salarial.
Medidas de transferência de renda, como o bolsa família, também ajudam a reduzir a concentração de renda. O mais importante, de acordo com o economista, é desenvolver a economia.
“É preciso fazer essa economia gerar empregos, e que esses empregos gerados sejam empregos que necessitem da mão de obra qualificada. Há a necessidade da qualificação dessa mão de obra para que os ganhos e média salarial voltem a subir”, disse.
Mourão Júnior, economista
Mesmo com a redução da concentração de renda, de acordo com o economista Altamir Cordeiro, ainda não é o suficiente. Além da necessidade de políticas públicas e o aumento de geração de empregos, ele aponta a reforma tributária como uma “oportunidade de melhorar e equilibrar a renda no país. Criando um ambiente de prosperidade e equilíbrio ao pais”.
“Entre as principais causas [da concentração de renda] está a má distribuição de renda, falta de acesso à educação de qualidade, péssima gestão dos recursos públicos (corrupção e ineficiência administrativas), baixo investimentos governamentais e a carência de serviços básicos na maioria dos municípios brasileiros”, ressaltou.