Redação Rios
BRUXELAS (BEL) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quarta-feira, 19/7, que está “otimista” com as tratativas entre a União Europeia e o Mercosul e acredita que o acordo comercial entre os dois blocos econômicos deve ser fechado ainda em 2023.
“Pela primeira vez estou otimista de que vamos concluir esse acordo ainda este ano”, disse o presidente em coletiva após a reunião de cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) com a União Europeia (UE).
Lula voltou a criticar a carta adicional que a União Europeia apresentou durante as negociações, que classificou como “agressiva”. “A carta que a Europa fez para o Mercosul ameaçava com punição se a gente não cumprisse determinados quesitos ambientais. E a gente disse para a União Europeia que dois parceiros estratégicos não discutem com ameaças, discutem com propostas”, afirmou.
O presidente disse que o Brasil já preparou uma resposta ao documento europeu. O texto está em discussão no âmbito do Mercosul e será entregue “daqui a duas ou três semanas” à União Europeia. “Volto para o Brasil feliz porque nós conseguimos um intento muito grande que foi restabelecer de forma madura as negociações com a União Europeia”.
Lula voltou a ressaltar a importância da defesa das compras governamentais no acordo com os europeus.
“Temos interesse em ter a possibilidade de nos reindustrializar. Por isso que não abrimos mão das compras governamentais, um instrumento de desenvolvimento interno. Os Estados Unidos fazem isso, a Europa faz isso, a Alemanha faz isso e o Brasil tem o direito de fazer isso”
Lula da Silva, presidente do Brasil
Interesse da União Europeia
Ainda de acordo com Lula, ele notou um grande interesse dos europeus em fazer investimentos na América Latina durante o encontro em Bruxelas, e classificou a reunião como “a mais exitosa” entre as que já participou com a União Europeia.
“Poucas vezes vi tanto interesse político e econômico dos países da União Europeia na América Latina, possivelmente pela disputa entre Estados Unidos e China, possivelmente pelos investimentos da China na África e na América Latina, possivelmente pela Nova Rota da Seda, possivelmente pela guerra”
Lula da Silva, presidente do Brasil
Em relação ao Brasil, Lula afirmou considerar “muito importante” o interesse da União Europeia por dois motivos: pela retomada de “todas as políticas de inclusão social que o mundo inteiro conhecia e que o governo anterior simplesmente aboliu” e pela decisão do País de fazer a “transição energética”, que abre possibilidade de investimentos “na chamada economia verde”.
Transição ecológica
O presidente disse ainda que o país deve apresentar, em agosto, uma proposta de transição energética e ecológica. “O Brasil vai mostrar ao mundo que nós vamos definitivamente entrar na chamada bioeconomia, na economia verde, para que a gente possa servir de exemplo para o mundo e possa dar nossa contribuição”.
Lula destacou a realização, em agosto, da Cúpula da Amazônia, em Belém (PA), com a participação dos oito países que possuem partes da floresta, além de países convidados que também possuem grandes coberturas florestais.
“Pretendemos, com esse encontro, preparar um documento para ser levado para a COP28, que será realizada no fim do ano nos Emirados Árabes”, disse o presidente, em referência à 28ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas.
Lula informou ter participado de dez encontros bilaterais com líderes estrangeiros durante a cúpula Celac-UE e revelou ter marcado uma reunião com empresários brasileiros e alemães em Berlim, no fim do ano.
“Vamos tentar fazer encontros do tipo com todos os outros países. O papel do governo é abrir portas. O Brasil está vivendo outro momento, está recuperando o prazer de fazer política internacional, o Brasil está voltando a ocupar seu papel de protagonista”
Lula da Silva, presidente do Brasil
* Com informações da Agência Estado