Redação Rios
MANAUS (AM) – Um dos pontos turísticos mais conhecidos da capital amazonense agora é Patrimônio Histórico e Cultural de Natureza Material do Estado do Amazonas. O Largo de São Sebastião, localizado na rua 10 de julho, no Centro, abriga o famoso Teatro Amazonas.
Ao ser declarado como Patrimônio Histórico e Cultural ficam limitadas quaisquer tipos de modificações e/ou alterações estruturantes. A partir do reconhecimento por meio de lei, o patrimônio passa a ser protegido e perpetuado, não podendo ser extinto ou destruído.
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O Projeto de Lei nº 6.798/2024, busca garantir a proteção e a preservação do espaço icônico da capital do Amazonas, permitindo que sua rica história e influência na cultura local sejam transmitidas às gerações futuras. A lei é de autoria do deputado estadual Roberto Cidade (União Brasil).
O pesquisador Eliton Reis explica que a praça, inaugurada em 1901, é coberta por calçadas de ladrilhos portugueses e possui um piso feito de pedras de granito português, trazidas da Europa, representando o Encontro das Águas dos rios Negro e Solimões. O projeto original, feito pelo artista italiano Domenico de Angelis, não previa arborização ou bancos em seu entorno.
“O Largo de São Sebastião abriga atividades culturais significativas, relacionadas aos eventos promovidos pelo Estado, tais como festivais, festas carnavalescas, shows de música e dança, espetáculos natalinos, além de exposições realizadas na Galeria do Largo, que fica no próprio local”
Eliton Reis, pesquisador
Seguindo o modelo de praça-largo italiana, o espaço é caracterizado por calçadas sem vegetação, com destaque apenas para o entorno e o monumento central, neste caso, o Monumento à Abertura do Rio Amazonas e Afluentes à Navegação Estrangeira, de autoria de De Angelis e confeccionado no ateliê do escultor Enrico Quatrinni, em Roma.
“Esse é o famoso Monumento à Abertura dos Portos. No local também fica a Igreja de São Sebastião, construída em 1888, e o Teatro Amazonas, que é patrimônio histórico e cartão postal da cidade, inaugurado em 1896. A calçada da praça faz parte de um conjunto de obras viabilizado pelos poderosos da época áurea da borracha, no Amazonas”, comentou o pesquisador.
Obra embargada
Uma obra que visava instalar uma loja de chocolates no largo de São Sebastião, foi embargada no dia 11 de março deste ano. A iniciativa, que tinha como objetivo principal a montagem de um contêiner para abrigar a loja, foi criticada pela população devido à intervenção no espaço público que é tombado na esfera municipal e federal.
“Esse incidente recente evidencia a importância da proteção da praça como Patrimônio Histórico. Por sorte, o início da obra, que já havia colocado bases de concreto sobre as pedras de granito, foi embargado pelo Implurb (Instituto Municipal de Planejamento Urbano) e pelo Iphan (Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional), enquanto o CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) autorizou a obra sem licença prévia”, ressaltou Reis.
Olhar atento
O arquiteto e urbanista José Augusto Bessa Júnior, destaca que o tombamento do local levou muito tempo para ser efetivado, e deveria ter sido realizado logo após a intervenção no entorno do Teatro Amazonas, quando se criou o Largo e foram fechadas as vias destinadas ao tráfego de pessoas, veículos e estacionamento.
“Naquele momento já deveria ter sido feito esse tombamento após a requalificação da área. Corremos daquele momento até os dias atuais um sério risco de perder parte da memória recuperada e preservada.”
José Augusto Bessa Júnior, arquiteto e urbanista
José Augusto Bessa ressalta que a requalificação do espaço público permite a sociedade mais qualidade de vida, direito à cidade e a própria utilização desses espaços.
“O tombamento vem justamente com o intuito de fortalecer com que a história da cidade seja preservada assim como a sua identidade e sua arquitetura seja mantida e possibilite as futuras gerações conhecer um pouco mais da nossa história”, completou o arquiteto.