Vitória Freire – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – A Polícia Federal (PF) deflagrou a operação Tempus Veritatis, na última quinta-feira, 8/2, mirando o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ex-assessores e ex-ministros em todo o país, devido a uma suposta tentativa de golpe de Estado, que teve seu ápice com os atos antidemocráticos do 8 de janeiro de 2023. O objetivo, segundo as investigações, seria a invalidação das Eleições Gerais de 2022, que elegeram o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Confira, abaixo, um resumo das últimas notícias sobre o caso.
Entre os elementos nos quais a PF se embasou para dar prosseguimento à operação estão conteúdos da delação premiada feita pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Bolsonaro. Em um vídeo encontrado no computador de Cid, gravado em 5 de julho de 2022, é possível assistir a uma reunião entre Bolsonaro e os demais integrantes da alta cúpula do Governo Federal naquela época.
Nas imagens, o então presidente ordena a disseminação de ‘fake news’ para tentar reverter a situação na disputa eleitoral. Bolsonaro também afirma, posteriormente, que Lula venceria as eleições e as pesquisas estariam certas, “de acordo com os números que estão dentro dos computadores do TSE.”
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Em outro momento, Bolsonaro propõe que os presentes participassem da redação de um documento que afirmasse ser impossível “definir a lisura das eleições” e incluísse elementos externos, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Em nota divulgada na quinta-feira, 8, a OAB diz que “nunca foi procurada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro ou seus interlocutores para a finalidade mencionada”.
O vídeo apreendido pela PF foi vazado em trechos editados e divulgado pela imprensa nos últimos dois dias. Com a repercussão, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, decidiu torná-lo público, disponibilizando-o, na íntegra, no site do STF.
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Em nota proferida na sexta-feira, 9, a defesa do ex-presidente afirmou que a reunião se tratava de algo rotineiro para cobrar, por parte dos ministros, atuação “de maneira organizada.” No documento, eles reiteraram que Bolsonaro nega a autoria da tentativa de golpe.
Operação da PF no AM
No Amazonas, como parte dessa operação Tempus Veritatis, um mandado de busca e apreensão foi cumprido, juntamente com um mandado de busca pessoal e uma intimação para medidas coercitivas.
Durante essa ação, foram confiscados dois aparelhos celulares, duas pistolas, dois notebooks e dez pen-drives, os quais estão sendo investigados pela PF. Não houve prisões.
Os mandados foram autorizados por Alexandre de Mores. Os nomes dos alvos não foram divulgados.
Apoio de aliados no AM
Coronel Menezes (PL), aliado de Jair Bolsonaro no Amazonas, utilizou suas redes sociais para prestar apoio ao ex-presidente. Em uma publicação no seu perfil no X, Menezes afirma que estão tentando “atacar a honra” do político.
“O que estamos presenciando é um Brasil em situação de anormalidade. Ou seja, querem responsabilizar Bolsonaro por uma pretensa tentativa de golpe de Estado, atacando sua honra, assim como de seus aliados. Enquanto isso, os verdadeiros ladrões de colarinho branco são absolvidos”, escreveu Menezes.
O q estamos presenciando é um Brasil em situação de anormalidade, ou seja, querem responsabilizar Bolsonaro por uma pretensa tentativa de golpe de estado, atacando sua honra, assim como deu seus aliados.
— Coronel Menezes (@CelAlfredo) February 8, 2024
Enquanto, isso os verdadeiros ladrões de colarinho branco são absorvidos. pic.twitter.com/pwdjrQXbIS
Associada à postagem, está uma arte com uma foto de Menezes e Bolsonaro, bem como uma legenda em que o político afirma que seu “apoio a Bolsonaro é irrestrito.”
O deputado federal Capitão Alberto Neto (PL) também se pronunciou por meio de uma postagem no X. Segundo ele, a operação da PF “não tem sustentação jurídica e mostra que a perseguição é clara contra a oposição.”
Mesmo com imagens e depoimentos coletados e divulgados a respeito da suposta tentativa de golpe, o parlamentar atribui a investigação a um “universo paralelo”, o “fantástico mundo do PT”.
O governo do PT quer a todo custo fazer do Brasil uma ditatura. Essa operação da PF contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, o presidente do PL Valdemar Costa Neto, e aliados não tem sustentação jurídica e mostra que a perseguição é clara contra a oposição.
— Capitão Alberto Neto (@capalbertoneto) February 8, 2024
“Eles criam um universo paralelo, o fantástico mundo do PT, e agora estão repetindo estratégias das ditaduras, perseguindo opositores para encobrir a falta de políticas públicas e o descaso com os problemas reais do país e da população brasileira”, publicou o deputado do Amazonas.
O presidente do Partido Liberal (PL) no Amazonas, Alfredo Nascimento, não se manifestou a respeito da situação ou da prisão em flagrante do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, durante a mesma operação.
Costa Neto responde por posse ilegal de arma de fogo e usurpação mineral. O ouro apreendido com o líder do Centrão é de garimpo ilegal, segundo uma perícia preliminar feita pela PF. A pepita foi encontrada no momento em que os policiais cumpriram um mandado de busca e apreensão em um quarto do hotel Meliá, em Brasília.