Letícia Rolim – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Insegurança, poucas pessoas no ônibus, calor e muita poeira. Esse foi o cenário narrado pelo apresentador Cristovão Nonato, âncora do “Jornal da Rios”, na Rádio RIOS FM 95,7, que enfrentou o desafio de fazer o percurso Porto Velho (RO)-Manaus (AM) pela BR-319, única interligação terrestre do Amazonas com o restante do país.
O apresentador da REDE RIOS DE COMUNICAÇÃO contou como foi a experiência de fazer o mesmo trajeto que fez em 1979. Ele relatou que foram 19 horas de ônibus pela rodovia, saindo de Porto Velho, capital de Rondônia, até Manaus.
“Foi uma oportunidade única de fazer o mesmo trajeto 44 anos depois, quando vim pela primeira vez para a capital da Zona Franca, em 1979. Naquela época, com a estrada recém-construída e asfaltada o tempo de viagem levava 12 horas. A passagem comprada em Porto Velho custou R$ 500, e a empresa Eucatur prometia uma viagem de 24 horas”, relatou Nonato.
A seca severa que atinge o Amazonas, que tem causado grandes prejuízos à fauna, à população e ao comércio, trouxe um cenário “positivo” à viagem, isso porque o barro, onde antes era estrada, fica sólido e permite a passagem de veículos. Realidade que deve mudar para pior com a chegada do inverno e período mais chuvoso, tornando o barro em lamaçais intrafegáveis.
Cristóvão e os demais passageiros enfrentaram um cenário mais tranquilo, e para eles a estrada empoeirada foi “céu de brigadeiro”.

O motorista de ônibus Márcio Gama, que opera há sete anos na linha, contou que a pista é temida por muitos motoristas e falou da expectativa de um provável asfaltamento da BR-319.
“Há um tempo atrás era bem complicado, muita lama e muitos buracos. Este ano foi feito um trabalho de tirar a lama e colocar brita nos buracos que ajudou em relação ao que era antes. De todos os anos em que a gente trabalha aqui na 319, é a primeira vez que vi um trabalho que deu algum resultado. O sonho de todo motorista aqui é conseguir ir de Porto Velho até Roraima, porque a BR-319 liga o Amazonas ao Brasil”
Márcio Gama, motorista de ônibus
Expectativa
A proprietária do restaurante localizado no distrito de Realidade, parada obrigatória do ônibus já no Estado do Amazonas, Márcia Cristina Aikawa contou sobre sua expectativa e o significado de um dia ver a BR-319 asfaltada.
“Não somente eu, mas muitas pessoas daqui de Humaitá serão abençoadas. Eu tenho o restaurante, então conto com os viajantes e os ônibus. Mas, se a população daqui que está investindo fortemente no extrativismo pudesse escoar todo esse produto para Manaus, porque é impossível sem essa estrada, ia ser todo mundo abençoado. A estrada significa liberdade, onde podemos viver o direito de ir e vir”, comentou a empresária.
Márcia Cristina é descendente de japoneses e se fixou no distrito de Realidade há uma década. Ela lamenta a situação de abandono da BR-319, porque impacta diferente no desenvolvimento da comunidade.

Balanço da Viagem
Com o percurso percorrido, Cristóvão fez um balanço da viagem e constatou que há muita insegurança por parte dos passageiros em viajar de ônibus, com o receio de chuvas que podem causar atoleiros na rodovia: “A insegurança de se viajar numa rodovia tão longa é o que pode explicar a baixa procura por passagens“, considerou.
“Podemos concluir que a longa fila de carretas, caminhões e carros particulares mostra como a rodovia tem importância econômica para os três Estados: Amazonas, Rondônia e Roraima, e suas economias”, completou o apresentador.
Em resumo, a experiencia vivida por Cristóvão o levou a pensar na necessidade do asfaltamento da BR-319 e nos impactos positivos que a estrada poderia trazer. Além de também evitar problemáticas como a vivida durante a crise da Covid-19 para o transporte de oxigênio.
“Além do isolamento agravado pela grande estiagem e os valores estratosféricos das passagens de avião, é urgente a necessidade de asfaltamento da BR-319. Temos várias justificativas econômicas, e principalmente sociais de sobrevivência, como na crise da Covid-19 e o colapso no transporte de oxigênio. Isso, talvez, justifique a palavra mais ouvida nessa jornada: liberdade, o inalienável direito constitucional de ir e vir“
Cristovão Nonato, apresentador da RIOS FM 95,7
*Com a colaboração de Cristóvão Nonato