Júlio Gadelha – Rios de Notícia
MANAUS (AM) – A polarização entre Lula e Bolsonaro, esquerda e direita, continua marcante em todo o Brasil e tem tomado espaço também nos discursos para as eleições municipais, apesar de demonstrar pouca influência em algumas regiões. Será que há espaço para uma terceira via em Manaus?
À medida que as eleições municipais se aproximam, os pré-candidatos à Prefeitura de Manaus buscam consolidar suas posições na disputa. Muitos optam por alinhar-se a um dos lados para ganhar impulso nas intenções de voto.
Entretanto, os candidatos que representam a polarização ainda não despontam nas pesquisas. Alberto Neto, do PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, tem aparecido regularmente no terceiro lugar, enquanto Marcelo Ramos, do Partido dos Trabalhadores de Lula, figura na quinta posição.
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Para o jornalista político Jackson Nascimento a “polarização vem perdendo força” e “brigas internas” da direita, além da demora em escolher um candidato da esquerda, abrem espaço para candidatos de outros segmentos.
Em 2020, os principais candidatos da polarização não avançaram para o segundo turno. Zé Ricardo (PT) conquistou o terceiro lugar com 14,52% dos votos, enquanto Coronel Menezes (PP) ficou em quinto, com 11,32%. O segundo turno em Manaus foi disputado por Amazonino Mendes (in memoriam) e David Almeida (Avante), ambos com posicionamentos mais de centro.
O cientista político Davidson Cavalcante avalia que as eleições municipais são mais “caseiras” e que os candidatos à Prefeitura têm de “conversar com a massa eleitoral, que não está totalmente nos grupos mais instruídos e impactados por esse neologismo político de direita ou de esquerda”.
“O Bolsonaro e o Lula poderão agregar votos, mas ficar só na cola deles não é suficiente para vencer uma eleição municipal”, pontua Cavalcante.
Denise Coêlho, advogada eleitoral e comentarista política, também declara que: “A transferência de votos não é uma ciência exata” e “mesmo que um político endosse um candidato, isso não garante necessariamente que os eleitores seguirão essa orientação”.
Na opinião de Carlos Santiago, sociólogo e cientista político, dados das últimas pesquisas reforçam a tendência de um candidato da terceira via.
O sociólogo considera que a polarização política que houve na eleição presidencial “até o momento não é o tom eleitoral na cidade de Manaus. Capitão Alberto Neto disputa a terceira colocação, e Marcelo Ramos, a quarta, ambos buscando crescimento eleitoral via polarização”.
“Até agora, as pesquisas indicam que quem não polariza, quem está discutindo os problemas locais e buscando soluções para o dia a dia da cidade tem vantagem”, ressalta Carlos Santiago.
Representantes da terceira via
Na visão do analista Jackson Nascimento, o principal nome do segmento seria a pré-candidata do partido Novo, a professora Maria do Carmo Seffair, reitora da Fametro. Apesar de tímida nas pesquisas, ela representa uma postura de ‘outsider’, que é alguém de fora da política, com experiência em gestão e que traz um olhar inovador para o serviço público.
Segundo o sociólogo Carlos Santiago, outro possível representante da terceira via seria Amom Mandel, apesar de ser atualmente deputado federal e ter sido vereador. O pré-candidato tem aparecido bem colocado nas pesquisas, frequentemente em segundo lugar, atrás apenas do atual prefeito que disputa a reeleição.












