Júlio Gadelha – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Há mais de um ano após o incêndio que atingiu parte da Feira do Santo Antônio, na zona Oeste de Manaus, o cenário de abandono ainda predomina. Apesar das promessas feitas pelo prefeito David Almeida (Avante) e pelo vice-prefeito Renato Júnior (Avante), as obra ainda não foram concluídas, deixando trabalhadores e consumidores na precariedade.
A feira havia sido incluída no pacote de revitalizações anunciado em 2021 pela Prefeitura de Manaus, em parceria com o Governo do Estado. Na ocasião, um Termo de Cooperação Técnica no valor de quase R$ 25 milhões foi assinado com o objetivo de reformar ao menos 30 feiras e mercados públicos da cidade.
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Passados mais de três anos da promessa e um ano e seis meses do incêndio ocorrido em dezembro de 2023, a realidade segue distante do que foi anunciado. Permissionários ouvidos pela reportagem relataram frustração e abandono. Todos preferiram não se identificar por medo de sofrer represálias por parte do poder público.
Prejuízos com incêndio
Uma permissionária que trabalha no local relatou que perdeu todo o seu box no incêndio. Estoque, móveis e equipamentos foram consumidos pelas chamas. Sem apoio, ela teve que recomeçar por conta própria, montando um novo espaço em outra área da feira. O prejuízo, segundo ela, jamais foi recuperado.
A presença de tapumes e cercas metálicas nas áreas afetadas também tem gerado críticas. Embora serviços iniciais, como limpeza e aplicação de cimento, tenham sido realizados, o aspecto de “obra parada” desestimula o público. “Muita gente pensa que a feira está fechada”, comentou um feirante, também sob anonimato.
Outro trabalhador afirmou que a falta de apoio da Secretaria responsável e dos vereadores agrava o problema. Segundo ele, a questão é política como o bairro do Santo Antônio não representa um reduto eleitoral relevante para a maioria dos parlamentares, a revitalização da feira acabou ficando em segundo plano.



O vereador Rodrigo Guedes (PP) também criticou o abandono da feira, relembrando que a primeira promessa de reforma foi feita ainda em setembro de 2021, após o local ser alagado. Segundo ele, desde então, sucessivas promessas não saíram do papel. O parlamentar cita que, após o incêndio em 2023 — o então secretário Renato Júnior afirmou que a reforma começaria em três a seis meses, chegando a prometer conclusão em até 45 dias.
“Estamos indo para quatro anos da primeira promessa e absolutamente nada foi feito”, criticou o vereador, que também denuncia o silêncio oficial da Prefeitura e acusa a gestão municipal de empurrar o problema “com a barriga”, mesmo com a feira localizada em frente à Câmara Municipal. Para ele, os argumentos apresentados são sempre os mesmos: que o custo da obra é alto, mas sem qualquer explicação formal ou planejamento concreto.
O que diz a prefeitura?
A Prefeitura de Manaus foi questionada pela reportagem sobre o cronograma de início das obras na Feira do Santo Antônio, os serviços já executados até o momento, os motivos do atraso na execução das reformas prometidas e as medidas previstas para apoiar os permissionários afetados. Até o fechamento desta matéria, no entanto, não obtivemos resposta.