Lauris Rocha – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O transporte público em Manaus, capital do Amazonas, sempre gerou insatisfação entre os cidadãos. O terminal de integração T6, situado na zona Norte, entre a avenida das Flores e o bairro Lago Azul, ocupa mais de 23 mil metros quadrados e consumiu milhões de reais dos cofres públicos.
A adaptação do T6 para operar como terminal de transporte intermunicipal, interestadual e internacional começou em 19 de junho de 2023, com um prazo de 360 dias para conclusão. No entanto, mesmo após a previsão de entrega para 12 de junho deste ano, as obras avançam lentamente.
Muitos manauaras consideram o T6 um “elefante branco”. Apesar do elevado investimento por parte do governo estadual e da prefeitura, o terminal permanece inoperante, relegado à incerteza da inauguração.
A técnica em enfermagem Simoneti Alves expressa sua frustração: “Esse terminal é um verdadeiro elefante branco. Não vemos progresso algum. A situação está estagnada e não há melhorias. Em vez de buscar soluções para a população, nada está sendo feito. Se for apenas uma rodoviária, não servirá para nada; a situação é difícil para quem depende do transporte público.”
Simoneti também critica a condição dos ônibus que atendem a sua região, destacando que “as empresas que operam aqui possuem uma frota sucateada. Gostaria que houvesse melhorias tanto na quantidade quanto na qualidade. É comum pegar ônibus com ar-condicionado que, em pouco tempo, não funciona mais. E há também a questão da segurança. Quando teremos um botão de pânico?”
A estudante Lauanda Nascimento, de 17 anos, compartilha suas dificuldades com o transporte coletivo: “Preciso pegar o ônibus, e a espera é complicada, pois, às vezes, sou assaltada e os motoristas não param. Uma vez, tive que pedir um Uber a uma amiga. Se o T6 estivesse pronto, teríamos mais opções.”
Em 2023, o Diário Oficial do Município de Manaus revelou que, além de mais de R$ 13 milhões destinados às readequações do T6, que será transformado em terminal rodoviário, a construtora responsável receberia mais de R$ 15 milhões para o terminal 7, localizado na Torquato Tapajós, totalizando mais de R$ 28 milhões entre os dois terminais.
Raimundo Gonçalves, aposentado de 70 anos, critica a gestão atual: “Se fosse na época do ex-prefeito Arthur Neto, o T6 já estaria inaugurado. Mas a obra foi embargada devido a problemas no teto, e David transformou-a em rodoviária. Ele tentou usar isso como estratégia política antes das eleições, mas não cumpriu a promessa, assim como não entregou a Unidade Básica de Saúde. O prazo inicial foi excedido, e a obra continua paralisada.”
Os moradores do bairro Viver Melhor não apenas reclamam da demora na entrega do terminal, mas também denunciam o abandono da área, que enfrenta problemas como mato alto, bueiros entupidos e acúmulo de lixo.
Raimundo destaca que o IPTU, que havia sido retirado por Arthur, foi reinstaurado por David Almeida. “Ele está concorrendo com o Capitão Alberto e, se continuar assim, não inaugurará a obra até o final do ano”, afirma.
O comerciante Diceu Vieira, residente do Viver Melhor há 11 anos, observa a lentidão da obra e a escassez de trabalhadores: “Têm poucos pedreiros. Eles fazem um trabalho lento, e isso não sairá do lugar. Quando um prefeito realmente quer, mobiliza uma equipe e termina a obra rapidamente. Arthur Neto e David Almeida já vieram aqui, fecharam a rua e prometeram a entrega, mas estamos há dois anos sem qualquer sinal do T6. O T7, que deveria ser feito depois, já foi entregue, enquanto o T6 continua apenas em promessas.”
Já Emanuele Araújo, autônoma, finaliza com um questionamento: “Quando será entregue essa obra? Será um terminal ou uma rodoviária? Precisamos de creches para nossos filhos, e isso é o que realmente gostaríamos de saber.”
A reportagem solicitou uma resposta oficial da Prefeitura de Manaus sobre as demandas questionadas pela população, mas até o fechamento da matéria não obteve retorno.