Letícia Rolim – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Com o avanço da internet, os métodos para aplicar golpes e a diversidade de crimes cibernéticos têm evoluído constantemente. Além de práticas como o “Golpe do Pix” e o “Golpe do WhatsApp”, um dos crimes que também preocupa atualmente é o “Golpe do Amor”, também conhecido como “Estelionato Sentimental”.
A facilidade proporcionada pelas redes sociais tem um lado negativo. Essa simplicidade, combinada com outros fatores, facilita a ação dos criminosos que se aproveitam dos sentimentos das vítimas para obter vantagens financeiras.
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O estelionato sentimental é caracterizado pela manipulação emocional da vítima. Criminosos iniciam relacionamentos a distância, muitas vezes por meio de aplicativos de namoro, para ganhar a confiança do alvo.
O modus operandi é quase sempre o mesmo: criar perfis falsos, simular interesse em relacionamentos afetivos e, através de persuasão e manipulação, desenvolver narrativas para ganhar a confiança da vítima.
Uma vez conquistada a confiança, o golpe começa: pedidos de dinheiro surgem com justificativas diversas, e as vítimas, envolvidas emocionalmente, acabam cedendo.
O artigo 171 do Código Penal brasileiro define o estelionato como a prática de enganar a vítima para obter vantagem, geralmente financeira. Este tipo de crime, que se aproveita das emoções e vulnerabilidades das pessoas, é uma violação grave e causa danos profundos às vítimas, não só financeiramente, mas também emocionalmente.
O Portal RIOS DE NOTÍCIAS consultou a Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), por meio da Delegacia Especializada em Repressão a Crimes Cibernéticos (Dercc), para saber sobre os cuidados que a população tem que ter para não cair em golpes como esse.
Vítimas
De acordo com o Delegado Paulo Benelli, titular da Delegacia Especializada em Repressão a Crimes Cibernéticos (Dercc), esse tipo de golpe é praticado principalmente com mulheres solteiras com mais de 55 anos e financeiramente independentes.
Essas mulheres, muitas vezes sem filhos ou parentes próximos, acabam conhecendo pessoas pela internet, iniciando algum tipo de relacionamento.
“Os autores acabam ludibriando as vítimas, e também fazendo elas se apaixonarem. Em determinado momento, se utilizam desse sentimento para fazer com que elas transfiram quantias em dinheiro, inventando que não tem como fazer pelo local onde se encontram, por isso, pedem o apoio da vítima, que acaba cedendo e enviando o dinheiro solicitado.”
Detalha o delegado Benelli.
Conforme explica Benelli, os golpistas geralmente se passam por militares, engenheiros, empresários ou pessoas de grandes posses, mas que estão fisicamente distantes, muitas vezes alegando estar em países europeus ou no meio do Oceano Atlântico. Essa distância é utilizada para justificar dificuldades financeiras momentâneas, o que faz com que as vítimas acreditarem na necessidade de ajuda.
Embora as principais vítimas sejam mulheres solteiras e mais velhas, Benelli ressalta que outras pessoas também podem ser alvo do estelionato sentimental. Uma vez que as vítimas percebem que caíram em um golpe, muitas vezes já é tarde demais.
Os criminosos passam a extorqui-las, ameaçando divulgar fotos ou vídeos íntimos trocados durante o relacionamento virtual, caso não continuem enviando dinheiro.
Alerta e como se prevenir
Segundo a Polícia Civil, essa prática tem se tornado cada vez mais comum, e o número de vítimas também vem aumentando. Além disso, o órgão destaca: é importante estar alerta ao se relacionar por meio das redes sociais.
“É necessário estar atento nas seguintes perguntas: começou relacionamento na internet? A outra pessoa nunca faz videochamada? Solicita dinheiro para passagem ou tratamento de parente? É militar ou trabalha no exterior? É golpe!”
Destaca o órgão do sistema de segurança pública
Para se prevenir de golpes como o do estelionato sentimental, é preciso redobrar a atenção ao se relacionar pela internet, e ter certeza absoluta sobre a pessoa que está por trás da tela.
Outro alerta é desconfiar mesmo que a pessoa envie fotos, áudios, faça chamadas de vídeo, pois já há tecnologias que permitem mudar a aparência.
“Tenha certeza que você está falando com aquela pessoa que lhe encaminhou a foto, porque a internet consegue fazer com que as pessoas inventem falsas identidades. Pessoas mais velhas se passam por jovens e adolescentes, no intuito de dar golpes”, ressalta a polícia civil.
Denúncias
Nesses casos, a vítima pode registrar o Boletim de Ocorrência (BO) em uma delegacia mais próxima, ou na Dercc para o inicio das investigações. Mas também pode ser registrado na Delegacia Virtual (Devir).
A delegacia especializada fica localizada nas dependências da Delegacia Geral (DG), na avenida Pedro Teixeira, 180, bairro Dom Pedro, zona Centro-Oeste de Manaus.
É importante levar todo material que possa servir como prova, como endereço do e-mail, URL (endereço digital na internet), capturas de tela da página ou perfil da rede social, mensagens de texto e voz.