Lauris Rocha – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O adolescente Edson Lopes Gama, de 16 anos, morreu na última segunda, 6/1, após ser atingido por uma bolada no peito durante uma partida de futebol, na zona rural do município de Maués, a 257 quilômetros de Manaus, enquanto atuava como goleiro defendendo pênaltis.
O vídeo publicado no Instagram do Portal RIOS DE NOTÍCIAS teve mais de cinco milhões de visualizações, mais de 83 mil compartilhamentos, dois mil comentários, além de 75 mil curtidas (likes) e quase seis mil salvamentos. O tempo médio de observação do vídeo foi de 20 segundos.
A REPORTAGEM conversou com o especialista Igor Menezes Cordovil, de 42 anos, gestor de Marketing e Inteligência de Mercado do Grupo Fametro, além da jornalista Raphaela Cidade e da publicitária Rayanna Moreira, ambas, Social Media do Rios de Notícias para entender o que gerou tamanho interesse do público pelo caso.
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Para o Gestor de Marketing e Inteligência, a participação intensa dos internautas ocorreu pela valorização das redes sociais enquanto plataforma de comunicação rápida e de maior interação com o público, o que faz com que 76% dos brasileiros usem as redes sociais como fonte principal de informações.
“Entretanto, é necessário pensar no impacto do que é publicado e na responsabilidade com que determinados termas são abordados”, destacou Cordovil.
Para o especialista, uma junção de fatores contribuíram para chamar a atenção do público. “Um adolescente, num jogo de futebol despretensioso e um acidente a que qualquer pessoa esteja sujeita em uma partida atraiu a atenção. Mas o fato que mais contribuiu, foi existir o vídeo de alguém morrendo. Havia a prova cabal e cada pessoa que assistiu o fez por algum motivo: curiosidade mórbida, incredulidade por alguém ter perdido a vida desta forma, achou o fato tão inusitado que curtiu, comentou e ainda compartilhou contribuindo para que mais pessoas vissem”, avaliou.
Compartilhar experiências
A rede social se tornou um campo aberto para que as pessoas exponham suas opiniões e experiências acerca de qualquer fato ou situação. No vídeo da morte do jovem, médicos, atletas e outros internautas compartilharam suas opiniões e experiências sobre o assunto.
“Umas o fazem de maneira complementar e contribuir sobre o tema com as próprias experiências. Outras o fazem de maneira crítica. para polemizar por serem anônimas ou se acharem protegidas no ambiente virtual. Nas redes sociais, os usuários se sentem mais à vontade para comentar e dar opiniões. Pouca gente faria isso com alguém olhando nos olhos por medo do julgamento imediato”, explicou Igor Menezes.
De acordo com o especialista, nas redes sociais compartilhamos os conteúdos em nossos perfis de acordo com a relevância ou irreverência que temos com o assunto, e, com nossos “amigos virtuais”, por entender que agradará os destinatários. “O internauta apenas entendeu que o conteúdo era interessante, e o algoritmo, que é desenvolvido para dar mais alcance à publicação de acordo com o engajamento, faz o resto, entregando a mais e mais pessoas que curtirão, comentarão e compartilharão o post”, destacou.
Haters
Na publicação, muito dos comentários debochavam da situação, o que é preocupante para o especialista em Marketing, por se tratar de uma fatalidade. “Pessoas que tem empatia pela vida humana contribuem positivamente em comentários de apoio e acolhimento à família e aos envolvidos, por outro lado, temos pessoas aproveitando o pseudo-anonimato, os haters, que sem qualquer escrúpulo publicam comentários pejorativos, fazendo piada com a morte do rapaz e sua família, apenas querendo dar “pitaco“, disse Igor Menezes.
Para o especialista isso tem mais a ver com a curiosidade do que com a empatia. “É a tão comentada inversão de valores, pois notícias boas deviam ter alcance maior que a ruins e isso não ocorre à mesma medida, infelizmente”, finalizou.
Morte inusitada
Em resumo, o Social Media é o profissional responsável pela gestão dos perfis de uma organização nas redes sociais. Ele também é conhecido como analista de redes sociais.
Para a jornalista e social media, Raphaela Cidade, esse tipo de publicação pode unir três possíveis fatores para a viralização de um conteúdo.
“O susto, a curiosidade ou aquela sensação angustiante de que algo tão inocente poderia causar uma tragédia, pode ser alguns dos motivos que fazem um tipo de assunto sensível desse se tornar tão viral. E quanto mais as pessoas visualizam, mais elas compartilham, fazendo essa métrica aumentar e se espalhar organicamente. O que gera números altíssimos para o perfil de um portal”, analisou Raphaela Cidade.
“É notório o interesse da audiência por conteúdos de cunho trágico. Além de consumi-los, as pessoas compartilham com amigos próximos e estes para outros, iniciando, assim, uma teia viral capaz de fazer uma das coisas mais difíceis do Digital: furar a bolha. Foi o que aconteceu com o post do Portal, onde ultrapassamos mais de dois milhões de contas alcançadas, além de cinco milhões de visualizações, onde 99,5% destas são de não seguidores do perfil”, explicou a social media, Rayanna Moreira.