Lauris Rocha – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Nesta terça-feira, 2/4, o mundo volta sua atenção para reflexão, sensibilização e educação sobre o Dia Mundial de Conscientização do Autismo.
Campanhas como o Abril Azul são fundamentais, visto que após o diagnóstico, a primeira tarefa é conscientizar os próprios familiares para a necessidade de aceitação e acompanhamento especializado.
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Mas o que é o autismo? Quais são os sinais comportamentais que identificam um autista? É possível melhorar a qualidade de vida crianças, adolescentes, jovens e adultos?
Para esclarecer estas e outras perguntas sobre o tema, o Portal RIOS DE NOTÍCIAS conversou com especialistas na área da fonoaudiologia e da psicologia para entender o universo do autismo.
A fonoaudióloga Camila Souza, que atende crianças e adolescentes autistas há 15 anos em uma clinica particular, na zona Centro-Sul de Manaus, explica que os autistas tem o Transtorno do Espectro Autista (TEA).
“É uma condição que afeta o desenvolvimento neurológico e causa dificuldades na interação social, na comunicação e no comportamento, em diferentes níveis. Dados do Center for Disease Control and Prevention (CDC) apontam que o TEA atinge até 2% da população mundial e, no Brasil, estima-se que existam 2 milhões de pessoas autistas”, explica a fonoaudióloga.


Camila, que faz parte da atual diretoria do Conselho de Fonoaudiologia do Amazonas, diz que a fala está diretamente ligada a comunicação, então o trabalho desenvolvido pelo fonoaudiólogo é fundamental em uma equipe multidisciplinar, para ajudar a criança, o adolescente e o adulto em todo seu processo comunicativo e social.
Incluir é acolher
No diagnóstico de autismo na criança, a família passa por um luto interno, fica sem perspectivas para o futuro de um filho autista. Uma realidade que com a empatia e acolhimento dos profissionais das diversas áreas do conhecimento é mudada.
“O mais marcante sempre é o acolhimento. É neste momento que você encoraja a família, mostra que o diagnóstico não é o fim, mas o início de uma caminhada linda, vitoriosa, desde que tenha o apoio da família e de bons profissionais. Um momento muito marcante pra mim é, quando ao longo do trabalho desenvolvido com os autistas, escuto as primeiras palavrinhas que sempre ficam gravadas na mente e no coração”, destaca Camila.
Outra especialidade importante no desenvolvimento dos autistas é o acompanhamento psicológico que ajuda, entre outros aspectos comportamentais, a trabalhar as emoções já que muitos autistas têm dificuldade em expressar o que sentem.


A psicóloga Selma Gonçalves, especialista em Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) e TEA diz que o transtorno do neurodesenvolvimento é caracterizado por padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados, por exemplo, andar nas pontas dos pés, balançar as mãos, andar de um lado para o outro, enfileirar brinquedos, entre outros.
“A organização e regulação emocional, orientação parental, treinos de habilidades sociais, entre outros é importante trabalhar para não trazer prejuízos no desenvolvimento dos autistas. Precisamos olhar além do diagnóstico, ele não é o fim e sim um direcionamento para um resultado eficaz nas intervenções realizadas”, explica Gonçalves.
Conquistas
Com o acompanhamento adequado dos especialista em TEA é possível alcançar resultados satisfatórios e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
“Todos os autistas tem potencial e devemos valoriza-los. Uma adolescente que acompanho há anos conseguiu passar em uma faculdade. Essa paciente tem apenas 16 anos e passou na UEA para direito, sendo que ainda não havia concluído o ensino médio. Ela iria cursa ainda o 3° ano”, comemora.
Para Selma, é preciso compreender cada caso e a intensidade deles, além da frequência nas terapias que irão trazer resultados significantes a longo prazo.












