Júnior Almeida – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O opositor do governo de Nicolás Maduro, Edmundo González, se autoproclamou presidente da Venezuela nesta segunda-feira, 5/8. A oposição, liderada por González e María Corina Machado, contesta os resultados da eleição de 28 de julho no país.
Na mensagem assinada por ambos, uma semana depois que Nicolás Maduro foi reeleito presidente, segundo dados do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), eles afirmam que venceram a eleição de forma incontestável. “Devemos assegurar que a voz do povo seja respeitada. Proclamamos Edmundo González Urrutia como presidente eleito da República.“
No entanto, a autoproclamação de González é feita de maneira simbólica, isso porque, segundo a legislação venezuelana, somente o Conselho Nacional Eleitoral tem a autoridade legal para proclamar um novo presidente da República.
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Vale ressaltar que o presidente do CNE, Elvis Amoroso, é um aliado de Maduro. A oposição e a comunidade internacional questionam os resultados e exigem a divulgação completa das atas eleitorais.
Entidades como a Organização dos Estados Americanos (OEA), a União Europeia e o Centro Carter alegam que a eleição não foi democrática.
A autoproclamação de González ocorre dias após alguns países, liderados pelos EUA, considerarem o opositor vencedor. Nessa empreitada, o Brasil ainda permanece sem um reconhecimento definitivo, mas declarou que o diálogo entre o presidente Nicolás Maduro e a oposição venezuelana seja alcançado.
Em uma contagem paralela realizada pela oposição, González aparece com 67% dos votos, contra 30% de Maduro. No comunicado, González e Corina Machado acusam Maduro de não reconhecer sua derrota e pedem aos militares venezuelanos que apoiem o povo e evitem um possível golpe de Estado.
Porém, o Ministério da Defesa venezuelano já havia declarado apoio a Maduro, mostrando certa dificuldade da oposição em ganhar o apoio militar necessário para sua causa, que agora ganha novos capítulos.
Leia o comunicado na íntegra:
“Venezuelanos, cidadãos militares e funcionários policiais,
A Venezuela e o mundo inteiro sabem que nas eleições do passado 28 de julho nossa vitória foi esmagadora. Desde o mais humilde cidadão, testemunha, membro de mesa, oficial das Forças Armadas, policial, até os organismos internacionais e governos, todos sabem disso. Com as atas em mãos, o planeta viu e reconheceu o triunfo das forças democráticas.
Nós fizemos a nossa parte. Realizamos a mais formidável mobilização cívica para que a vitória eleitoral fosse incontestável. É um triunfo obtido com enorme energia e firmeza, e o fizemos em paz. Obtivemos 67% dos votos, enquanto Nicolás Maduro conseguiu 30%. Essa é a expressão da vontade popular. Vencemos em todos os estados do país e em quase a totalidade dos municípios. Dessa realidade são testemunhas todos os cidadãos, incluindo os membros do Plano República.
No entanto, Maduro se recusa a reconhecer que foi derrotado pelo país inteiro e, diante do protesto legítimo, lançou uma ofensiva brutal contra dirigentes democráticos, testemunhas, membros de mesa e até mesmo contra o cidadão comum, com o propósito absurdo de querer ocultar a verdade e, ao mesmo tempo, pretender encurralar os vencedores.
Fazemos um chamado à consciência dos militares e policiais para que se coloquem ao lado do povo e de suas próprias famílias. Com essa violação massiva dos direitos humanos, o alto comando se alinha com Maduro e seus vis interesses. Enquanto vocês estão representados por esse povo que saiu para votar, por seus companheiros das Forças Armadas Nacionais, por seus familiares e amigos, cuja vontade foi expressa em 28 de julho e que vocês conhecem.
Estamos conscientes de que em todos os componentes das Forças Armadas Nacionais está presente a decisão de não reprimir os cidadãos que pacificamente reclamam seus direitos e sua vitória. Os venezuelanos não somos inimigos das Forças Armadas. Com essa disposição, os chamamos a impedir as ações de grupos organizados pela cúpula madurista, uma combinação de esquadrões militares e policiais e grupos armados à margem do Estado, que golpeiam, torturam e também matam, sob a proteção do poder maligno que representam. Vocês podem e devem parar essas ações de imediato. Nós os instamos a impedir o desvario do regime contra o povo e a respeitar, e a fazer respeitar, os resultados das eleições de 28 de julho. Maduro deu um golpe de Estado que contraria toda a ordem constitucional e quer torná-los cúmplices disso.
Vocês sabem que temos provas irrefutáveis da vitória. O relatório do Centro Carter é demolidor sobre as condições e o resultado eleitoral, enquanto Maduro tenta fabricar alguns resultados quando, além disso, o prazo legal para a publicação dos mesmos já venceu.
Membros das Forças Armadas e dos corpos policiais, cumpram seus deveres institucionais, não reprimam o povo, acompanhem-no.
Da mesma forma, pedimos a todos os venezuelanos que têm mães, pais, filhos, irmãos, cônjuges que são membros das Forças Armadas Nacionais ou funcionários policiais, que lhes exijam não reprimir, que desobedeçam ordens ilegais e que reconheçam a Soberania Popular, expressa nos votos do domingo 28 de julho.
O novo governo da República, eleito democraticamente pelo povo venezuelano, oferece garantias àqueles que cumprirem com seu dever constitucional. Da mesma forma, destaca que não haverá impunidade. Esse é um compromisso que assumimos com cada um dos venezuelanos.
Nós vencemos esta eleição sem qualquer discussão. Foi uma avalanche eleitoral, cheia de energia e com uma organização cidadã admirável, pacífica, democrática e com resultados irreversíveis. Agora, cabe a todos nós fazer respeitar a voz do povo. Procede-se, de imediato, à proclamação de Edmundo González Urrutia como presidente eleito da República”.
Comunicado de Edmundo González