Jessica Lacerda – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – As toadas do Boi Garantido ganharam um toque ainda mais especial no último sábado, 20/4, durante o show comandado pelo cantor e compositor Carlos Batata, no tradicional Curral do Boi Garantido. O espetáculo se destacou não apenas pelas coreografias vibrantes e pela animação da galera vermelha e branca, mas também pelo compromisso do artista com a inclusão e a acessibilidade.
Cantor, compositor e produtor musical com quase 30 anos de carreira, Carlos Batata é uma das vozes do Boi Garantido. Há uma década, ele aposta em shows inclusivos que unem música regional, toadas e outros gêneros à participação ativa de pessoas com deficiência no palco.
A apresentação contou com a participação das dançarinas Stephanie, Ingra, Larissa e Bárbara, da Apadam (Associação de Pais e Amigos do Down no Amazonas), além da intérprete de Libras Yoná Kelly. Em entrevista ao Portal RIOS DE NOTÍCIAS, o artista falou sobre sua trajetória com os shows acessíveis e a mensagem que deseja transmitir.
“Há 10 anos faço shows inclusivos, começando com interpretação em Libras. Depois, tive a grata participação das dançarinas com síndrome de Down da Apadam, dos pajés da Pestalozzi e da APAE. Hoje, temos a Ana Raquel, uma Sinhazinha autista, compondo o bailado, além de áudio descrição para pessoas com deficiência visual em várias apresentações”, relatou Batata.
Para ele, inclusão vai além da representatividade: é uma missão artística e social.
“A arte deve ser acessível a todos. Minha intenção é alcançar os 25% da população que possui algum tipo de deficiência, levando cultura e pertencimento”, destacou.
Além das dançarinas da Apadam, o elenco do show conta com dançarinos do “Garantido Show” e com o apoio fundamental das mães das bailarinas PCD.
“Cada uma é acompanhada por sua mãe. Nossa equipe tem cerca de 12 pessoas. É uma logística complexa, mas que nos traz muito prazer. Eu amo isso”, completou.
A intérprete de Libras Yoná Kelly, especialista em tradução, interpretação e docência na Língua Brasileira de Sinais, também comentou sobre a importância da acessibilidade na música.
“O surdo sente a vibração do ritmo e, ao ver a interpretação em sua língua, ele entende o que está sendo transmitido no palco. Isso é essencial para a comunidade surda”, explicou.
Yoná iniciou sua trajetória na Escola Augusto Carneiro, referência em ensino bilíngue para surdos e surdocegos em Manaus. Há quatro anos, recebeu o convite de Carlos Batata para integrar o projeto como intérprete oficial.
Com iniciativas como essa, Carlos Batata reafirma seu papel como artista engajado não apenas na valorização da cultura amazônica, mas também na promoção da inclusão e da transformação social por meio da arte.