Caio Silva – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – A relação entre pais e filhos é um pilar fundamental para o desenvolvimento saudável das crianças e influencia diretamente o bem-estar social como um todo. Neste domingo, 10/10, celebra-se o Dia dos Pais — data que marca essa conexão e convida à reflexão sobre atitudes cotidianas que fazem a diferença nesse vínculo.
A psicologia mostra que a presença ativa dos pais vai muito além do tempo compartilhado. O que realmente fortalece o vínculo é a qualidade das interações: saber ouvir, demonstrar afeto e participar dos momentos importantes da vida dos filhos.
“Seu filho não precisa de um herói incansável. Precisa de alguém real, que também erra, que volta, que se importa e que ensina”, destaca a psicóloga Deborah dos Santos.
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O Portal RIOS DE NOTÍCIAS ouviu a especialista em saúde mental, além de pais que compartilham a experiência de estar presentes no dia a dia dos filhos.
Impacto positivo

Para Deborah, estar presente não significa apenas a presença física. O que realmente transforma a vida emocional de uma criança é sentir que pode recorrer aos pais quando sente medo, raiva, dúvida ou alegria.
“São as pequenas atitudes que constroem isso: ouvir com atenção, responder com empatia, manter a palavra e explicar com calma”, explica.
A especialista destaca que a culpa por não estar sempre presente é comum entre os pais que se importam, mas que o mais importante é a presença que faz sentido, e não a constante.
“Quando um pai para o que está fazendo para realmente escutar, isso vale mais do que um dia inteiro no piloto automático. Seu filho não precisa de um herói incansável. Precisa de alguém real, que também erra, que volta, que se importa e que ensina. Não existe amor perfeito, mas existe amor verdadeiro”, afirma.
Desafio da paternidade

Para o jornalista Matheus Fernandes, 22 anos, pai de primeira viagem, o maior desafio até o momento tem sido a falta de experiência. Segundo ele, a construção de uma relação íntima de parceria com o filho, baseada na confiança mútua, é o que mais valoriza.
“Tem um momento do dia que parece simples, mas para mim tem um valor especial: aos finais de semana, pego minha filha no colo nas primeiras horas da manhã. Sinto que vou lembrar desses momentos para sempre”, compartilha.
Matheus acredita que os pais devem criar os filhos para pensarem com autonomia. “O conselho mais valioso que daria à minha filha é esse: ensinar a questionar e ajudá-la a lidar com as dúvidas, sem oferecer ‘verdades’ absolutas passadas de geração para geração”, destaca.
União e presença

O jornalista Rogger Luke, 34 anos, conta que cresceu em uma época em que o pai era visto como uma figura autoritária. Quando se tornou pai, passou a repensar esse papel.
“Quando fui pai pela primeira vez, não estava preparado. Era novo e tive que aprender como ser pai. Tem momentos em que precisamos ser diferentes do que nossos pais foram”, revela.
Ele diz que entender que sua vida não seria mais a mesma o fez valorizar ainda mais a criação dos filhos. Hoje, busca ser um exemplo positivo. “Observo muito minha filha pequena brincar, e vejo como essa fase é única e especial. Estou ajudando a moldar uma ‘pessoinha’ para a vida”, salienta.
Mesmo com uma rotina de trabalho exaustiva, Rogger afirma que um abraço sincero da filha transforma qualquer dia. “Fora de casa sou jornalista; em casa, minha filha é a principal matéria do dia”, resume.
Ele acredita que a evolução da paternidade está ligada à escuta e ao respeito. “A geração de hoje precisa deixar para trás práticas agressivas. Firmeza e respeito são essenciais. Meus filhos precisam ser quem são, correr atrás dos sonhos deles, mesmo sabendo que o mundo pode tentar sufocá-los”, destacou.
Vínculo afetivo

Deborah ressalta que o limite é uma forma de cuidado. Dizer “não” quando necessário não rompe vínculos – ao contrário, constrói segurança. A maneira como isso é feito faz toda a diferença, principalmente quando o tom é firme, mas respeitoso.
“O equilíbrio vem quando o adulto entende que educar é frustrar também, mas de um jeito que a criança continue se sentindo amada. Limite sem afeto vira autoritarismo; afeto sem limite vira confusão”, sinaliza.
Ela alerta que mudanças bruscas de comportamento, agitação incomum, distúrbios no sono, isolamento, agressividade ou regressões (como voltar a fazer algo que já havia superado) são sinais de alerta. “O comportamento é o grito que a emoção ainda não sabe nomear”, destaca.
Deborah ressalta que a proteção mais bonita é aquela que não sufoca, mas fortalece. Criar filhos autônomos significa permitir que tentem, errem e aprendam, com a certeza de que serão acolhidos. “Não é sobre soltar no mundo sem direção, mas estar por perto enquanto eles ganham suas próprias pernas”, afirma.












