Vívian Oliveira – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O Fusca e a Kombi são dois dos principais veículos para quem é apaixonado por carros, e em Manaus não é diferente. Dessa forma, o Portal RIOS DE NOTÍCIAS mergulha na cultura automobilística da cidade para contar a história de quem ama o clássico carro. Nesta segunda-feira, 13 de maio, é celebrado o Dia do Automóvel.
Desde a criação do Fusca Clube de Manaus, o grupo de entusiastas reúne-se semanalmente para não apenas apreciar o clássico carro, mas também fortalecer os laços de amizade e comunidade que os unem em torno dessa paixão compartilhada.
O funcionário público e presidente do Fusca Clube de Manaus há nove anos, Climário Cabral Filho, de 61 anos, compartilhou os segredos e os bastidores desse universo apaixonante.
“O Clube surgiu da união de sete amigos. Existiam outros clubes, mas houve alguns problemas, então resolvemos fundar o nosso”, explicou Climário, com os clássicos “besouros”, como é carinhosamente chamado pelos colecionadore.
Segundo ele, o seu primeiro Fusca foi dado por seu pai, como herança familiar, ressaltando a tradição e a evolução do clássico carro.
“O Fusca vem de família porque todos adquirem o seu primeiro carro na juventude. Eu adquiri também muito novo. Na época, o Fusca era usado como meio de transporte. Hoje ele não é mais, é para passeio, para curtir e para as exposições. Essa paixão já vem de muitos anos. Vem de pai para filho”, explicou.
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Relembrando a importância histórica e a evolução do Fusca, Climário mergulhou nas memórias da evolução automobilística brasileira e revelou a relevância do automóvel para o mundo.
“O Fusca existe desde 1954. Foi um carro fabricado, na época, que não pegasse água. Então, a Volkswagen idealizou esse lindo ‘besouro’. E em quase em todo o Brasil e no mundo todo tem Fusca, em grandes eventos. Hoje, as pessoas veem um Fusca abandonado, compram, revivem e vêm brincar com a gente”, disse.
E para fortalecer os laços dos 300 colecionadores, Climário contou que o Clube realiza passeios semanais, onde donos de Kombis e Opalas comparecem para um “rolê” e um bate-papo antes da saída.
“Toda quinta-feira a gente tem esse rolê. Nós viemos pra cá para o Complexo Turístico Ponta Negra e falamos de Fusca, de carro. Aqui você vai ver, não só os fusqueiros, mas também as Kombis, o pessoal do Opala”, explicou Climário, esclarecendo que o objetivo é reunir os admiradores de carros antigos.
Esses encontros já renderam belas histórias e Climário mencionou uma que foi motivo de realização para os membros do Clube.
“Nesses nove anos, a gente chegou a fazer evento fora. Viajamos para a Venezuela e foi muito marcante. E agora vamos para o segundo encontro em Boa Vista de carros antigos que será realizado em setembro. O melhor momento foi sair na BR-174, daqui de Manaus, e chegar lá no Fusca, todos dirigindo seu carrinho, em comboio chegando lá. Isso não tem preço”, lembrou.
Climário acrescentou que o Clube realiza dois grandes eventos que comemoram a existência do querido “besouro”: o Dia Nacional do Fusca, em 20 de janeiro; e o dia Mundial do Fusca, celebrado no dia 22 de junho. O Largo São Sebastião é o palco onde o evento ocorre todos os anos, com uma grande exposição de carros antigos e muitas atrações durante o dia todo.
Amor por Kombi
A artesã Ana Lúcia Ribeiro da Silva, apaixonada por Kombis e organizadora dos eventos do Kombi Clube Manaus (KCM), contou como sua história de amor por Kombis começou.
“Nós ganhamos por meio do meu sogro, hoje falecido. A partir daí, começamos a ver outras Kombi e a paixão foi tomando conta. Começamos a personalizar ela do nosso jeitinho, confeccionamos o estofamento, o forro, as almofadas, a cortina. Tudo que a gente vê, quer incluir na Kombi”, detalhou.
A organizadora também destacou a crescente participação das mulheres no universo dos carros. “Hoje, as mulheres predominam nos carros antigos. A gente conhece, ajuda a customizar, a procurar peça. Estamos muito ligadas nisso. Conheço mulheres que têm fusca e elas mesmo fazem a mecânica, conhecem tudo. Assim também com as Kombis”.
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Além disso, Ana Lúcia ressalta a importância de passar o conhecimento adiante, ao levar seu netinho em todos os eventos de carros antigos. “Estamos em todos e levo sempre meu netinho, que é para se acostumar. Ele ama de paixão a Kombi, tem até uma miniatura elétrica”, revelou.
Segundo ela, assim como os Fuscas, as Kombis despertam uma nostalgia naqueles que comparecem nas exposições ou até mesmo quando as vêem pelas ruas de Manaus.
“Quando a gente passa, as pessoas sempre têm uma lembrança para contar. ‘Ai, meu avô tinha uma Kombi igual a essa, a gente passeava muito, era muito divertido’. Então todo mundo que chega perto tem uma história legal pra contar. As pessoas enchem os olhos, se transportam para um passado que foi muito bom para vida delas”, disse Ana Lúcia.
Valor sentimental
Para o enfermeiro Waldenor Guimarães Thiago, de 55 anos, o Fusca é mais que um carro, é uma herança de família e uma fonte inesgotável de histórias.
“Aos 55 anos, dá para ter muita história. Eu vivi toda a minha adolescência em cima desse carro. São inúmeras histórias, como os problemas na estrada, onde sempre que eu saía, o carro ‘dava prego’. Hoje a gente aprendeu, procura arrumar o máximo que pode e só tira para passear com a família. Não anda a semana toda neles. Tem que deixá-lo guardado um pouquinho”, orientou o enfermeiro.
O automóvel é parte integrante de sua vida desde a adolescência, quando vivenciou aventuras e percalços ao lado do carro do pai. A paixão pelo Fusca foi passada de geração em geração na família de Waldenor.
“Foi o primeiro carro do meu pai. Ele botava a gente para lavar o carro desde cedo. E a gente vai se apegando, cresce, quer andar, quer levar a namorada para passear. Aí já viu, depois que pega gosto, não tem jeito. É até morrer”, declarou.
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Participante ativo do Fusca Clube de Manaus, Waldenor destaca a gratificação de fazer parte dessa comunidade e expandir o número de amigos com gostos em comum.
“Além da gente formar amigos, há também uma interação no que se refere a tudo que gira em torno do Fusca, tipo a necessidade de trocar uma peça, um conselho sobre um problema no carro. Aí você conversa e troca ideia”, revelou.
Waldenor confessa que os passeios semanais do clube pela cidade são os que eles mais gostam porque atrai atenção por onde passam. “Por onde a gente anda, chama bastante atenção. Inclusive, a moçada com os carros mais sofisticados não chama tanta atenção quando passa as ‘carangas antigas’. Nas ruas a gente percebe e as crianças adoram”, disse Waldenor.
Quanto às propostas de compra para seu Fusca, Waldenor revela: “A gente recebe, mas são sempre umas ofertas absurdas, né? Porque o valor é imensurável, tem um valor sentimental”, concluiu.