Júlio Gadelha – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O deputado estadual Sinésio Campos (PT) destacou, em entrevista ao jornalista Jefferson Coronel, a relevância da mineração como uma alternativa econômica para o estado. Ele defendeu que a exploração sustentável de recursos minerais pode diversificar a economia do Amazonas, atualmente concentrada no Polo Industrial de Manaus (PIM).
“Eu sempre me inquietei com o único modelo econômico, que é a Zona Franca de Manaus. Exitoso, é, mas concentrou a população em Manaus, 50% do estado. Precisamos de alternativas que levem emprego e renda aos municípios, respeitando a sustentabilidade e a viabilidade econômica”, afirmou.
O deputado ressaltou o exemplo do Pará, cuja economia se destaca pelo setor mineral. “Só o Pará, com a mineração, tem um PIB igual ao da Zona Franca de Manaus. Imagine o potencial disso!”, declarou, comparando o faturamento da mineração paraense, que alcançou R$ 89,6 bilhões em 2023, com os R$ 173,47 bilhões gerados pelo PIM no mesmo período.
Investimentos e potencial do Amazonas
A venda da Mineração Taboca para um grupo chinês também foi mencionada como um marco no setor. Localizada em Presidente Figueiredo, a empresa detém a maior reserva de cassiterita do mundo. A transação de R$ 2 bilhões, firmada entre a Minsur S.A. (Peru) e a China Nonferrous Metal Mining Group, é vista como um passo estratégico para modernizar a operação e atrair novas tecnologias.
Ronney Peixoto, secretário de Energia, Mineração e Gás (Semig), enfatizou a importância da sustentabilidade nos novos empreendimentos. “Hoje, não cabe mais em grandes empreendimentos qualquer coisa que não seja sustentável. Temos uma pauta muito forte que exige empreendimentos respeitando o meio ambiente e as pessoas. A sigla ESG é muito falada, e acrescentamos o respeito à governança, para que tudo seja transparente e claro, respeitando os pilares social, ambiental e econômico.”
O secretário destacou, ainda, que o Amazonas possui minerais essenciais, como estanho, tântalo e nióbio, além do potencial para explorar terras raras. “Em muitos minerais, muitos deles na lista de minerais críticos eleitos pelo país. Isso significa que ela quer não apenas explorar a mina para estanho, tântalo e nióbio, mas também desenvolver projetos futuros, como o de terras raras, no qual a Mineração Taboca já está avançando”, afirmou.
O Brasil possui a terceira maior reserva de terras raras do mundo, que são áreas que é possível extrair um grupo de 17 elementos químicos que são utilizados na fabricação de diversos produtos.
O secretário de Mineração defende que os investimentos em mineração no estado vão além da simples exploração de recursos naturais. Para ele, é fundamental que esses investimentos se expandam com a verticalização da produção, com o refino dos minerais realizado localmente, o que poderia gerar a criação de novos produtos no estado.
“O que queremos é que esses investimentos não se limitem à exploração mineral, mas que expandam com a verticalização da produção, o refino aqui mesmo e, quem sabe, a criação de novos produtos no estado. Queremos atrair um cluster de outras empresas, industrializar e beneficiar esses produtos localmente”, disse o Secretário.
Peixoto destaca que, com essa abordagem, a população será beneficiada por meio da geração de empregos, capacitação profissional e troca de tecnologias, além do fortalecimento da pesquisa e desenvolvimento. Para ele, é esse tipo de impacto que o estado espera ao receber investimentos de grande magnitude, que trazem, assim, um desenvolvimento econômico sustentável e de longo prazo.
Diversificação econômica e oportunidades
Sinésio Campos também apontou outras áreas de potencial econômico. Ele citou o Polo Naval de Manaus, que já constrói embarcações de grande porte, como o navio-hospital São João XXIII que será inaugurado em dezembro. “Nós temos ciência, tecnologia e proximidade com mercados estratégicos, como o Caribe e a América do Norte. É possível produzir lanchas, voadeiras e navios aqui”, reforçou.
O deputado concluiu destacando que a mineração não deve ser vista como concorrente, mas como uma complementação ao modelo atual da Zona Franca. “A mineração pode ser uma nova matriz econômica, gerando riqueza, empregos e desenvolvimento sustentável para o interior do Amazonas.”
Embora o PIM continue sendo a principal fonte de receitas do estado, os políticos destacam a diversificação econômica como uma necessidade para descentralizar o desenvolvimento e reduzir a concentração populacional em Manaus. Com as perspectivas de investimentos em mineração e tecnologia, o Amazonas pode alinhar crescimento econômico à sustentabilidade, criando um modelo mais equilibrado e inclusivo para o futuro.