Nicolly Teixeira – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Nos últimos anos, o número de crianças e adolescentes diagnosticados com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) cresceu significativamente no Brasil e no mundo. Esse aumento reflete tanto uma maior conscientização sobre os transtornos quanto a ampliação dos critérios diagnósticos.
Embora o Brasil ainda não tenha um levantamento oficial da incidência de TEA, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 2 milhões de brasileiros sejam autistas. Nos Estados Unidos, dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) de 2023 apontam que, em 2020, uma em cada 36 crianças menores de 8 anos foi diagnosticada com TEA.
O crescimento dos diagnósticos tem gerado debates sobre a preparação das escolas, o papel das famílias e a importância da legislação para garantir inclusão e direitos às pessoas autistas. Para entender melhor essa realidade, o portal RIOS DE NOTÍCIAS entrevistou a psicóloga Giselle Melo.
Por que os diagnósticos aumentaram?
Segundo a especialista, o aumento dos casos está ligado a diversos fatores, como maior acesso à informação, avanço no treinamento de profissionais e mudanças nos critérios diagnósticos estabelecidos no CID-11 e DSM-5-TR. Além disso, algumas hipóteses científicas sugerem influências ambientais e biológicas, como gestações tardias, poluição e exposição a toxinas.
“Hoje, há mais conscientização sobre o TEA, tanto por meio da ciência quanto das redes sociais e da mídia. Além disso, profissionais da saúde e da educação estão mais capacitados para identificar sinais precoces do transtorno. Com isso, mais crianças e adolescentes estão sendo diagnosticados corretamente”, explicou Giselle.
A psicóloga também destacou que o autismo é mais comum em meninos, com uma incidência 3,8 vezes maior do que em meninas. Além disso, 70% das crianças autistas apresentam deficiência intelectual, enquanto 30% têm inteligência dentro ou acima da média.
Escolas e famílias se adaptam à nova realidade
Com o crescimento dos diagnósticos, escolas e famílias enfrentam o desafio de criar ambientes mais inclusivos para crianças e adolescentes autistas. Muitas instituições de ensino já estão implementando medidas para atender melhor esses alunos.
“As escolas estão investindo em capacitação para professores, estratégias de ensino inclusivo e espaços adaptados, reduzindo estímulos sonoros e visuais. Algumas instituições também contam com salas de recursos multifuncionais e apoio de psicólogos, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos”, ressaltou Giselle.
A especialista reforçou a importância dos pais buscarem conhecimento sobre o TEA, seja por meio de grupos de apoio, profissionais da saúde ou cursos especializados. O diálogo entre famílias e escolas também é essencial para garantir o bem-estar dos alunos neurodivergentes.

Leis e cordões de identificação garantem direitos
A legislação brasileira tem avançado para garantir direitos às pessoas autistas. Leis como a Berenice Piana e a Romeo Mion asseguram acesso prioritário a serviços e reconhecem o TEA como uma deficiência para fins legais.
Além disso, o uso dos cordões de identificação tem se tornado uma ferramenta importante para facilitar a inclusão de pessoas autistas em diferentes ambientes.
“Os cordões ajudam a sociedade a identificar e respeitar as necessidades da pessoa autista, promovendo acessibilidade e inclusão em espaços públicos e privados”, destacou Giselle.
Com mais diagnósticos e uma sociedade cada vez mais atenta às necessidades das pessoas autistas, o Brasil avança no reconhecimento e na garantia de direitos, mas ainda enfrenta desafios na inclusão escolar, no acesso a terapias e na formação de profissionais especializados.












