Letícia Rolim – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Anualmente, o Dia do Orgulho Autista é celebrado neste domingo, dia 18 de junho. A data foi estabelecida com o objetivo de fomentar a conscientização e esclarecer mais informações sobre o espectro autista, visando a diminuição da discriminação e esclarecer à sociedade que o autismo não é uma doença e sim uma condição.
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio caracterizado pela alteração das funções do neurodesenvolvimento, afetando a capacidade de comunicação, linguagem, interação social e comportamento.
O professor Helder Mourão, pai de Francisco Luke, de 5 anos, compartilhou sua experiência após o diagnóstico de autismo no primeiro ano de vida do filho. Ele mencionou as dificuldades enfrentadas devido à falta de preparação do mundo para lidar com pessoas atípicas.
![Helder e seu filho Luke](https://www.riosdenoticias.com.br/wp-content/uploads/2023/06/Helder-e-seu-filho-Luke-1024x751.jpeg)
“Nosso mundo é produzido para lidar com a tipicidade, com pessoas típicas. Como ele é atípico, o mundo não está preparado para ele, desde a configuração das ruas, placas, até o ambiente de um shopping ou o barulho ao redor”, explicou o professor.
Helder ressaltou que “as pessoas não sabem lidar” e que falta conhecimento e compreensão das pessoas em relação ao autismo. “O desafio principal é entender e lidar com o mundo que não é preparado pra inclusão e pra diversidade e isso não é só para as pessoas autistas. O mundo não está nenhum pouco preparado pra qualquer tipo de inclusão e diversidade”
Apesar das limitações impostas pelo autismo, Helder se orgulha da independência que seu filho está desenvolvendo.
“O autismo limita um pouco da autonomia da criança, e um dos marcos fundamentais que tenho orgulho é que hoje ele frequenta a escola regular, uma escola pública, e é avaliado como uma criança muito inteligente. Ele se dá bem com os colegas e realiza as atividades regulares. Isso é motivo de grande orgulho para nós, pois ele pode passar a manhã inteira na escola e participar das atividades junto com as demais crianças”
O relato de Helder destaca a importância de promover a inclusão e oferecer oportunidades para que as crianças autistas desenvolvam suas habilidades e sejam reconhecidas por suas capacidades individuais.
Cuidados Específicos
Dentro do espectro autista, são identificados diferentes graus, variando de leves, com independência total e pequenas dificuldades de adaptação, até níveis de total dependência para atividades cotidianas ao longo da vida.
![](https://www.riosdenoticias.com.br/wp-content/uploads/2023/06/Thalita-Amorim-fonoaudiologa.jpeg)
Segundo a fonoaudióloga Thalita Amorim Silva que trabalha o desenvolvimento de crianças com TEA, um dos principais desafios de comunicação enfrentados pelas crianças autistas é o atraso no seu desenvolvimento. “Muitas crianças com TEA tendem a desenvolver-se mais tarde, embora haja exceções, e o papel do fonoaudiólogo é fundamental para estimular a linguagem funcional”, disse Thalita.
A dificuldade na comunicação verbal muitas vezes, é caracterizada por um atraso no desenvolvimento da fala, dificuldade de compreensão e até mesmo ausência de linguagem falada. A ecolalia, que é a repetição de palavras ou frases, é comum em crianças com TEA. Além disso, elas podem usar palavras inventadas e se referir a si mesmas na terceira pessoa.
O acompanhamento por profissionais de diversas áreas é essencial para lidar com todas as dificuldades do TEA. A fonoaudióloga, destaca que atualmente o uso da tecnologia tem ajudado bastante na profissão.
“Atualmente, a tecnologia tem sido de grande ajuda, especialmente com programas que utilizam a Comunicação Alternativa e Aumentativa (CAA). Podemos apresentar várias imagens relacionadas à rotina diária e às necessidades da criança em um iPad ou tablet, e a criança pode nos apontar o que precisa”, explicou Thalita.
A fonoaudióloga enfatiza que é importante que os pais procurem um profissional ao menor sinal que demonstre atraso em qualquer habilidade da criança. Cada caso deve ser avaliado individualmente, levando em consideração as características e necessidades específicas da criança.
“Qualquer sinal, por menor que seja, que demonstre atraso em alguma habilidade deve ser relatado a um médico. Em seguida, é recomendado buscar um profissional especializado. Cada criança se desenvolve em seu próprio tempo, mas isso não significa que devemos esperar até atingir uma idade específica, como três anos, para buscar ajuda”
Thalita Amorim Silva, fonoaudióloga
Ela destaca que quanto mais cedo for identificado e abordado qualquer atraso ou dificuldade de comunicação, maiores são as chances de intervenções eficazes e resultados positivos. Os pais devem estar atentos aos marcos de desenvolvimento, como a aquisição da linguagem, interação social e habilidades motoras.
A data
Criado em 2005 pela organização Aspies for Freedom, dos Estados Unidos, o Dia do Orgulho Autista tem como objetivo combater estereótipos prejudiciais e preconceitos, promovendo um ambiente inclusivo e acolhedor para todos.
Diferentemente do Dia Nacional de Conscientização sobre o Autismo, celebrado em 2 de abril, o Dia do Orgulho Autista foi criado para fortalecer o movimento e surgiu por meio das vozes de pessoas que vivenciam essa condição.