Vívian Oliveira – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – No dia 19 de abril, o Brasil celebra o Dia dos Povos Indígenas, data que homenageia e reconhece a importância dos povos originários para a cultura, história e identidade do país.
É uma oportunidade para refletir sobre os desafios enfrentados por essas comunidades tradicionais e as lutas que ainda precisam ser travadas em busca de seus direitos.
O portal RIOS DE NOTÍCIAS falou com duas importantes líderes indígenas, duas guerreiras, símbolo da causa: Joênia Wapichana e Vanda Witoto, que fizeram uma reflexão sobre o atual cenário político do país.
“Certamente, é um ano diferente. Após muitos anos de luta, finalmente nosso povo pode ter a perspectiva de avançarmos as políticas públicas, a demarcação dos territórios indígenas, principal luta do nosso movimento”, avaliou Witoto, citando a criação do Ministério dos Povos Indígenas.
O Brasil é lar de uma das maiores populações indígenas do mundo, com mais de 300 etnias e uma rica diversidade cultural presente em todo o território nacional.
Mas, apesar de toda beleza ancestral, essa história é marcada por séculos de violências, discriminação, expropriação de terras e perda de suas tradições culturais.
“Com a nossa participação no governo, seja na Funai ou no Ministério dos Povos Indígenas, presidido por Sônia Guajajara, seguiremos dando prioridade ao que os povos indígenas já identificaram como necessário que é recuperar os processos para proteger e regularizar as terras indígenas”, explicou Joênia Batista de Carvalho, mais conhecida como Joênia Wapichana.
Ancestralidade
![Joênia Wapichana é 1ª mulher indígena a comandar a Funai (Divulgação)](https://www.riosdenoticias.com.br/wp-content/uploads/2023/04/joeniawapichana_fotoONU-1024x563.jpeg)
No comando da Funai, Joênia foi a criadora da Lei nº 14.402, de 8 de julho de 2022, que alterou a terminologia “índios” para “povos indígenas”.
“A alteração do termo resgata a nossa dignidade e identidade, além de reconhecer a diversidade dos povos que existem no Brasil, que são mais de 300 povos, com diferentes culturas e 274 línguas faladas. É importante reconhecer essa diversidade cultural e as reafirmações de direitos”, ressaltou Wapichana.
Atualmente, a missão de Joênia é de retomar a função da Funai, que é de proteção de territórios de povos indígenas isolados, após anos paralisada, sem investimento, desmontada, sucateada e que tinha o papel inverso do que a lei determina que se faça.
“Nós temos que mostrar para nossos parentes também que existem alternativas de desenvolvimento sustentável e não aqueles que prejudicam o meio ambiente ou impactam a vida dos povos indígenas. E a Funai deve dar o apoio necessário para isso”, reiterou.
Políticas Públicas
![Joênia Wapichana, de Boa Vista e Vanda Witoto, de Manaus, lutam pelos direitos dos povos indígenas (Divulgação)](https://www.riosdenoticias.com.br/wp-content/uploads/2023/04/vanda-witoto5.jpeg)
Vanda Witoto tem 35 anos, é técnica de enfermagem, e disputou cargo público pela primeira vez em 2022, com o intuito de defender seu povo, que fica localizado no Alto Rio Solimões, no município de Amaturá (a 1.217 quilômetros de Manaus).
Witoto acredita que apenas a ocupação de espaços de poder garante a efetivação das políticas públicas para indígenas.
“Somos 378 pessoas resistindo há mais de 100 anos aos processos de violências, herança da exploração e escravidão do ciclo da borracha. Para se manter vivo, meu povo teve que aprender uma outra língua, uma nova espiritualidade, pois se continuassem a falar suas línguas, eram afogados e mortos às margens dos rios que nos trouxeram aqui”, lembrou.