Júnior Almeida – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Com o envelhecimento da população brasileira em crescimento nos últimos 10 anos, impulsionadas pelas mudanças em questões familiares, outro aspecto se nota quando se identifica os padrões de vida dessa faixa etária no contexto socioeconômico brasileiro.
São 32.113.490 pessoas idosas no Brasil, representando 10,9% da população, que corresponde a 203.080.756 de habitantes, a alta na longevidade é de 57,4% frente a 2010, quando esse contingente era de 14.081.477, ou 7,4% da população na época.
O Amazonas, que aparece com uma população de 3.941.613 amazonenses, tem em números absolutos 380 mil pessoas nesse grupo etário, que corresponde a 60 anos ou mais, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), evidenciados no Censo de 2022.
Em entrevista ao Portal RIOS DE NOTÍCIAS, o economista Dean Athayde, explica que dentro dessa equação, a camada da população idosa, não obteve renda necessária com aposentadoria, e ainda depende de terceiros para sobreviver.
“Mais de 95% da população de aposentados dependem da renda de terceiros para sobreviver. Então, a gente vê um reflexo disso negativamente, fruto de uma população que não teve educação financeira, que não compartilhou de planejamento financeiro e não consegue ter uma aposentadoria tranquila e saudável”
Dean Athayde, economista
O especialista destaca um dos motivos da reforma previdenciária. “Vemos que a população atual tende a envelhecer, a quantidade de pessoas para se beneficiar do INSS deve aumentar e a quantidade de jovens que trabalham hoje para sustentar esse sistema, tende a diminuir. Então a gente vê que é um sistema fadado ao fracasso”, reitera.
Dean destaca a importância de um planejamento financeiro para aposentadoria, sendo crucial para garantir estabilidade durante essa etapa da vida.
“Daqui a alguns anos esse sistema não se sustenta. Então mais uma vez, é importante a gente se planejar. A pessoa hoje que tem uma renda, faça o seu plano de independência financeira, de aposentadoria, de previdência privada para não depender tão somente do governo”, orienta.
Para o especialista, a desigualdade tem força motriz nessa realidade enfrentada pelos brasileiros que estão envelhecendo. E cita a disparidade de salários em relação aos custos de vida dessa população.
“A maioria das pessoas hoje que se aposenta é com um salário mínimo. Então o teto máximo desse valor de aposentadoria é em torno de 7 mil reais de quem contribuiu para o sistema. E a gente sabe que, para você ter uma aposentadoria saudável, tranquila, com 7 mil reais, fazendo uma conta básica só de plano de saúde para a terceira idade, algo como 3 mil. Então, alimentação e outros gastos com remédio etc, a conta não fecha lá na frente”, observa.
Brasil envelhece como a Europa?
Alguns países europeus têm taxas de natalidade muito baixas e uma população cada vez mais idosa, o Brasil em comparação, também apresentou essa mesma mudança demográfica ao longo dos anos.
Como exemplo, na década de 50, havia um ideal de família numerosa para ajudar no campo, o que mudou com o processo de urbanização que, por sua vez, deixou esse modelo ultrapassado.
Segundo dados do IBGE, a fecundidade no Brasil passou de 6,28 filhos por mulher, em 1960, para 1,9 filho por mulher em 2010, e 1,76 em 2021. Ou seja, em 50 anos, a queda dessa taxa foi de 70%, demonstrando uma mudança em relação à maternidade.
Na Europa, os séculos de envelhecimento populacional aliou-se ao sistema de bem-estar social, alcançando a estabilidade econômica e democrática no continente. Embora aqui no Brasil, esse cenário demonstre o contrário, com uma população numerosa, visto a quantidade de pessoas em situação de vulnerabilidade.