Nicolly Teixeira – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O amor é uma das experiências mais gratificantes da vida humana. A busca incessante pelo “parceiro perfeito” é uma jornada que muitas pessoas enfrentam com a esperança de construir algo duradouro, idealizando até mesmo passar o resto da vida ao lado dessa pessoa. Encontrar o romance ideal desperta emoções intensas, como felicidade e euforia, além de acelerar o batimento cardíaco e liberar hormônios como noradrenalina, dopamina, endorfina e oxitocina, que proporcionam prazer e tranquilidade.
No entanto, esses sentimentos podem, com o tempo, se transformar em uma prisão emocional, especialmente quando atitudes pequenas, mas dependentes, se disfarçam de cuidados. Em vez de proporcionar bem-estar, tais comportamentos podem comprometer a saúde mental e emocional, gerando um ciclo prejudicial.
Esse fenômeno é conhecido entre psicólogos e psicanalistas como “amor patológico”. Trata-se de um comportamento excessivo, caracterizado por uma dependência emocional extrema do parceiro, onde o indivíduo abandona interesses e atividades pessoais para se dedicar exclusivamente ao outro.
Para entender melhor esse fenômeno, o portal RIOS DE NOTÍCIAS entrevistou a psicoterapeuta Giselle Melo, que abordou as principais questões sobre o amor patológico e os sinais que indicam essa condição.
Sintomas do amor patológico
De acordo com Giselle Melo, os principais sinais de que alguém está preso ao comportamento de amor patológico incluem abstinência emocional, cuidados excessivos com o parceiro, baixa autoestima e sentimentos de inferioridade. “Entre os sintomas mais notáveis, podemos citar a letargia, agitação, insônia, dores musculares, além da pessoa focar excessivamente no parceiro e abandonar suas próprias atividades de interesse”, destaca a psicoterapeuta.
Além disso, outros indícios de que alguém está vivendo em um relacionamento patológico são a estagnação da vida, a incapacidade de mudar apesar da consciência do problema e o aparecimento de pensamentos obsessivos e ansiedade extrema diante da possibilidade de separação. “O indivíduo também pode sacrificar suas próprias necessidades para agradar o parceiro, demonstrando dificuldades em estabelecer limites saudáveis e exibindo ciúmes excessivos”, explica Giselle.
Causas do amor patológico
A psicoterapeuta afirma que a falta de amor próprio é uma das principais causas para o desenvolvimento do amor patológico. Quando o indivíduo não se sente suficiente ou tem uma visão negativa de si mesmo, ele tende a buscar validação no outro, criando uma relação emocionalmente dependente e vulnerável.

“A baixa autoestima e a falta de amor próprio são fatores de risco que favorecem o desenvolvimento dessa dependência emocional”, alerta Giselle.
O impacto nas mulheres
Embora o amor patológico possa afetar qualquer pessoa, Giselle aponta que as mulheres são particularmente mais suscetíveis a essa condição devido a fatores socioculturais. “As mulheres, muitas vezes, idealizam o amor romântico e, devido a pressões sociais, acabam priorizando o relacionamento em detrimento de sua própria individualidade. Essa idealização do amor pode levar a um comportamento obsessivo, no qual a mulher passa a viver para o parceiro, esperando que ele dê significado à sua vida”, explica.
Contudo, a psicoterapeuta esclarece que os homens também podem sofrer com o amor patológico, especialmente em contextos de insegurança emocional e baixa autoestima. “Embora seja mais comum nas mulheres, os homens também podem se tornar emocionalmente dependentes, especialmente quando têm inseguranças ou uma autoimagem fragilizada”, afirma.
Processo de recuperação
A recuperação do amor patológico é um processo gradual que requer paciência e apoio terapêutico. “É importante respeitar o ritmo da pessoa, garantindo que o tratamento seja progressivo e adaptado às suas necessidades. O acompanhamento terapêutico é fundamental para psicoeducar e fortalecer a pessoa, evitando recaídas”, explica Giselle.
Ela também compartilha algumas orientações para aqueles que estão passando por esse processo de recuperação, como estabelecer pequenas metas diárias, buscar atividades que proporcionem prazer e satisfação pessoal, e fortalecer relacionamentos saudáveis com amigos e familiares. “Além disso, a prática de técnicas de relaxamento e mindfulness pode ajudar a reduzir a ansiedade e a restaurar o equilíbrio emocional”, finaliza a psicoterapeuta.