Júnior Almeida – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – A ação da Prefeitura de Manaus e da Guarda Municipal, na manhã desta quinta-feira, 7/8, pegou vendedores ambulantes de surpresa, conforme relatos colhidos pelo Portal RIOS DE NOTÍCIAS. A confusão terminou com o uso de gás lacrimogêneo, correria e destruição.
“Pegaram os carrinhos dos haitianos, bateram no rapaz aqui, jogaram spray de pimenta, nos humilharam. Sendo que os haitianos são trabalhadores, honestos, não pedem nada”, denunciou Luciano Comar, filho de uma das proprietárias de galpões onde os ambulantes guardam suas mercadorias.

Luciano se revolta com uma contradição na cidade: “Enquanto isso, a plataforma tá cheia de ladrão e ninguém faz nada. O tanto de polícia aqui parecia que era bandido. Sacanagem o que fizeram com os caras“, disse revoltado.
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‘Nós queremos trabalhar, só isso’
A venezuelana Celide Velasquez, que é vendedora de café da manhã, contou à reportagem que foi agredida com cacetete. Segundo ela, outros três imigrantes, entre eles um senhor haitiano, também foram feridos pela guarda.

“Eles falaram: ‘Vocês são estrangeiros, vocês não têm benefício de nada’. Isso é discriminação. Nós queremos trabalhar, nada mais. A maioria dos venezuelanos aqui só quer trabalhar.”, relatou, emocionada.
Sindicato cobra diálogo e respeito
Para Flávio Nascimento, diretor do Sindicato dos Vendedores Ambulantes (Sincovam), faltou na ação da Prefeitura de Manaus o básico: respeito.

“O que nós precisamos é sentar e dialogar. Hoje de manhã foi muito feio, muito chato. Talvez a imagem do prefeito não ficou muito boa nisso aí”, afirmou.
Flávio também cobrou alternativas para a questão. “As pessoas estão nos pedindo uma chance de reformar os depósitos. Não têm onde guardar suas coisas.”
Segundo ele, a Prefeitura precisa enxergar os ambulantes como parte da cidade, não como problema. “O povo quer trabalhar com dignidade. Quer vender fruta, verdura, comida de qualidade. Se a Prefeitura precisar nos chamar, que nos chame. Mas precisa ter olhar mais humano“, ressaltou.
Prefeitura fala em ‘ordem’
Do lado do poder público, o secretário municipal de Segurança Pública, Alberto de Siqueira, negou excessos e afirmou que a operação foi “dentro da normalidade possível”.
Para ele, a ação serve para “devolver o Centro à população” e combater “produtos vencidos, com barata e rato”. Segundo o secretário, mais de 300 quilos de alimentos estragados foram apreendidos nos últimos dias.
Siqueira também acusou parte da imprensa de “politizar” a situação e informou que dois guardas municipais foram feridos após levarem pedradas. “A Prefeitura entrou aqui e não vai sair”, declarou.
O que dizem os vídeos?
Vídeos feitos por ambulantes mostram cenas de confusão, correria e gritaria. Em um dos registros, um vendedor chora após ver seu carrinho ser destruído. Em outro, guardas usam spray de pimenta contra trabalhadores que tentavam proteger suas barracas.
Um idoso chegou a passar mal e foi socorrido por populares. A reportagem anterior do Portal RIOS DE NOTÍCIAS já havia mostrado a tensão no local.
Espaço aberto
O riosdenotícias.com entrou em contato com a Guarda Municipal e com a Prefeitura de Manaus para esclarecer os excessos relatados. Até a publicação desta matéria, não houve retorno.












