Júlio Gadelha- Rios de Notícias
MANAUS (AM) – A polêmica do lixo despejado em frente ao aterro sanitário de Manaus, no sábado, 13/4, envolvendo o deputado federal Amom Mandel e a Prefeitura de Manaus, gerou críticas por parte da população e da própria classe política.
A situação resultou em comentários negativos para ambas as partes nas redes sociais. No perfil oficial do deputado, diversos comentários questionam a natureza da ‘briga política’ e a consideram eleitoreira.
“Você quer mídia Amom!”, diz um internauta.“Apenas politicagem querendo mídia pra ter conteúdo político para eleições”, diz outro comentário.
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Nas postagens do Secretário Municipal de Limpeza Pública (Semulsp), Sabá Reis (Avante), diversas pessoas questionam a polêmica por se concentrar em um trabalho que deveria ser executado pela Prefeitura, e acusam a gestão de atrapalhar quem está tentando ajudar.
“Já basta que ele está fazendo o trabalho de vocês, ainda querem atrapalhar?”, diz um comentário, enquanto outro internauta declara: “Se tivessem realmente limpado, o Amom não precisaria fazer esse movimento solidário”.
No meio político, as críticas vieram por parte dos pré-candidatos à Prefeitura de Manaus. Para o deputado estadual Roberto Cidade (União), o ato foi considerado uma “molecagem e amadorismo” e cobrou que os políticos comecem a olhar para os manauaras com respeito.
O ex-deputado Marcelo Ramos (PT) critica os políticos, chamando a polêmica de ‘briga de criança’ e condena o envolvimento da Polícia Federal. Ele ressalta que o momento de debate sobre o futuro da cidade não deve ser transformado em uma brincadeira.
“Vocês dois não têm direito de transformar o processo de debate sobre o futuro da cidade. Numa brincadeira, numa briga de criança. Em que um decide jogar o lixo na porta da lixeira e o outro diz que vai resolver isso na sede da polícia federal. A polícia federal tem mais o que fazer.”
Disse Marcelo Ramos.
Entenda o caso
Amom Mandel realizou atividade voluntária de limpeza no igarapé do Goiabinha removendo seis toneladas de lixo do canal. No entanto, a entrada da caçamba do organização não foi permitida no aterro sanitário, resultando em uma disputa sobre o destino do lixo.
Segundo o deputado, teria sido realizada uma cobrança para que o lixo fosse despejado no aterro. Em reação, Amom ordenou que o material fosse deixado na porta do aterro.
“A gente coletou, trouxe do Igarapé até aqui no aterro sanitário de Manaus e não estão deixando entrar. Estão querendo cobrar, estão querendo barrar a entrada. Aí fica difícil. A gente faz o trabalho da prefeitura de graça e ainda tem que pagar para isso. Que história é essa? Se não deixarem entrar, vamos tirar da carreta, tirar do caminhão da caçamba e colocar tudo aqui na frente para eles levarem lá para dentro.”
Declarou Amom em vídeo publicado nas redes sociais.
Em nota da Prefeitura, o Secretário Municipal de Limpeza Pública (Semulsp), Sabá Reis (Avante) afirma que existem regras no aterros que precisam ser respeitadas.
“Ele tentou invadir esse espaço. O aterro tem ordem. Aqui tem procedimentos, tem que ser autorizado. A gente precisa saber que tipo de lixo é, para dar a destinação correta”, explicou o secretário da Semulsp.
Coletiva de imprensa
Após o incidente, a Prefeitura emitiu uma nota convocando uma coletiva de imprensa às 16h na sede da Polícia Federal, no bairro Dom Pedro, zona Centro-Oeste, para denunciar Amom por crime ambiental. No entanto, minutos antes do horário previsto, a Prefeitura enviou um novo comunicado alterando o local da coletiva para o aterro sanitário.
Enquanto isso, o deputado Amom já estava na sede da PF, onde também convocou uma coletiva para prestar esclarecimentos sobre o que ele chama de “denunciação caluniosa”.
Em uma transmissão ao vivo nas redes sociais, Amom questionou a atitude do executivo municipal e reconvocou sua coletiva para o aterro sanitário.
Discussão acalorada
Ao chegarem ao aterro, o deputado federal e Sabá Reis, tiveram uma conversa tensa, na qual o secretário criticou a atitude de Amom e não permitiu sua participação na coletiva da Prefeitura. Durante a discussão, Sabá Reis acusou Amom de invadir o aterro e humilhar as pessoas.
Durante a coletiva, Sabá Reis rotulou a atitude de Amom como molecagem e contestou a versão de que o deputado teria sido impedido de entrar no aterro.
“Isso o que ele fez hoje aqui foi uma molecagem e pelo que você está me dizendo, e ele lá é mentiroso, porque ele não foi impedido coisa nenhuma de entrar. O que ele fez hoje na administração do aterro foi invadir esse espaço e humilhar os nossos trabalhadores”, declarou Sabá Reis.
A Prefeitura de Manaus por meio dos secretários Sabá Reis e Antônio Stroski da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade e Mudança do Clima (Semmasclima) informaram que irão formalizar denúncia administrativa e criminal contra o Amom Mandel pela prática de crime ambiental na Polícia Federal.
A lei de crimes ambientais prevê pena de reclusão, de um a cinco anos, além de multa para lançamento irregular de resíduos sólidos em desacordo com as exigências da lei.
Retirada do Lixo
Na manhã desta segunda-feira, 15/4, o secretário Sabá Reis postou um vídeo nas redes sociais mostrando uma ação de limpeza que recolheu o lixo despejado pela ação do deputado no sábado.
No vídeo, o secretário alfineta Amom “hoje aqui nesta pista de acesso ao aterro, eles (Garis) estão cuidando profissionalmente para dar a destinação correta aquela molecagem que o Amom fez aqui no sábado”.
Taxa para descartar lixo no aterro
O Aterro de Resíduos Sólidos de Manaus, localizado no KM-19 da rodovia AM-010, é o principal local designado para o descarte adequado dos resíduos urbanos da cidade, abrangendo uma área de 66 hectares. Ao contrário dos lixões, onde o lixo é despejado de forma indiscriminada, o aterro sanitário recebe tratamento especializado no solo para minimizar impactos ambientais.
Para utilizar o local, são aplicadas taxas por tonelada de resíduos, conforme a tabela disponibilizada pela Semulsp, variando de acordo com o tipo de material descartado. Essas taxas variam de R$ 163,07 para resíduos de construção até R$ 336,93 para a Classe 2, que inclui materiais não perigosos como orgânicos, papel, vidro e metal.
O aterro sanitário passa por processos de impermeabilização, nivelamento e selagem da base, além de contar com sistemas de drenagem para o chorume e captação dos gases liberados, como o metano. Os resíduos recebidos pelo complexo são destinados ao aterramento, reciclagem ou produção de composto orgânico.












