Caio Silva – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – A mãe da pequena Alice, de apenas 1 mês de vida, denuncia o Hospital e Pronto-Socorro da Criança da Compensa, na zona Oeste de Manaus, de negligência e falhas graves após três idas à unidade em menos de uma semana.
A bebê, que inicialmente apresentava vômito e diarreia, teve o estado de saúde agravado e morreu após evolução para um quadro gravíssimo.
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Lizandra Victoria pede que o hospital seja responsabilizado pelas falhas que, segundo ela, ocorreram desde a primeira ida à unidade.
Ela acusa a triagem, uma médica e parte da equipe de enfermagem de negligência e omissão de socorro.
“Como pode uma criança entrar no pronto-socorro com vômito e diarreia e terminar com parada cardíaca, edema cerebral e septicemia?”, questiona.
Primeiras idas ao hospital
Segundo a mãe, Lizandra Victoria, a primeira ida ao hospital ocorreu em 26/10, após quatro episódios de vômito intenso. Alice recebeu medicação antiemética, soro oral e realizou exames, que não apresentaram alterações relevantes. A criança recebeu alta com prescrição de Dramin.
No dia 27/10, a bebê voltou à unidade com vômito e fezes esverdeadas. Foi medicada novamente e diagnosticada com refluxo gastroesofágico. Mais uma vez, recebeu alta com receitas, sem que fosse mantida em hidratação intravenosa contínua.

Retorno e agravamento
No dia 29/10, a família retornou ao hospital pela terceira vez, relatando piora do quadro e presença de diarreia intensa. Lizandra afirma que pediu prioridade na triagem, mas que a bebê foi classificada como caso não urgente.
Após insistência, Alice só foi atendida por volta das 17h50 e, devido à gravidade, foi internada. O quadro de diarreia se agravou durante a noite, e antibióticos, expansão de hidratação e novos exames passaram a ser administrados.
Episódios de sangue nas fezes e demora no atendimento

Na madrugada de 30/10, a bebê apresentou diarreia com sangue. A mãe afirma que precisou insistir várias vezes para conseguir que uma médica fosse chamada. Segundo Lizandra, os relatos sobre sangue nas fezes foram minimizados sob justificativa de possível assadura, diagnóstico que depois foi descartado por outra médica.
Na manhã do dia 31/10, novos exames foram solicitados. A hidratação foi ajustada, e o leite materno chegou a ser suspenso sob suspeita de alergia. A mãe relata que alertou diversas vezes sobre a piora da filha, que apresentava sonolência e sinais de desidratação grave.
Condições precárias e falhas estruturais
A família também denunciou condições insalubres na enfermaria, com banheiro alagado, falta de sabão e mau cheiro, além da ausência de enfermeira fixa durante períodos críticos.
A mãe afirma que, em vários momentos, a filha ficou sem diurese, mesmo com hidratação prescrita, e que houve demora de profissionais para avaliar a situação. Alice chegou a perder acessos intravenosos diversas vezes devido à desidratação.
Queda abrupta do quadro e tentativa de estabilização
No início da madrugada de 2/11, Alice voltou a apresentar piora acentuada, com sangue na sonda e ausência de urina. A mãe afirma que novamente precisou ir até outros setores para tentar encontrar uma médica, que teria negado atendimento horas antes.
Uma médica de outro plantão finalmente atendeu a criança e a levou para reanimação. No período da tarde, Alice foi submetida a um procedimento de acesso central. Os exames mostraram leucócitos acima de 45 mil, indicando possível infecção grave.
Após nova parada cardíaca, a bebê foi reanimada, entubada e apresentou leve melhora, com eliminação de urina durante a madrugada.
Transferência e morte
No dia 3/11, Alice aguardava vaga em UTI pediátrica. No período da tarde, foi transferida ao Hospital da Criança Joãozinho, já em estado gravíssimo.
Na unidade, exames constataram edema cerebral e deslocamento do tronco encefálico. Alice não voltou do coma e morreu em 9 de novembro, com diagnóstico de:
- Edema cerebral
- Parada cardíaca
- Septicemia
- Gastroenterite aguda
Sem resposta
O Portal RIOS DE NOTÍCIAS entrou em contato com a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM), mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria. O espaço segue aberto para manifestação dos citados.












