Nicolly Teixeira – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – As críticas de cinema amazonenses Camila Henriques e Pâmela Eurídice passaram a integrar, na terça-feira, 3/6, o Online Association of Female Film Critics (OAFFC), uma associação internacional que reúne jornalistas e críticas de cinema de diversos países.
A OAFFC é uma organização independente que busca manter a integridade da crítica cinematográfica online, incentivar a presença de roteiristas mulheres, reconhecer as melhores produções do cinema mundial com o prêmio anual “Melhores do Ano” e proporcionar oportunidades de networking para suas integrantes.
Trajetórias
Camila Henriques atua como crítica desde 2014, quando ingressou no Cine Set, site amazonense dedicado ao cinema regional, nacional e internacional. É também membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine), do Coletivo Elviras e votante do Globo de Ouro.
Já Pâmela Eurídice escreve críticas desde 2015. É mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia (PPGSCA/UFAM), com pesquisa sobre a atuação das mulheres no cinema amazonense, e autora do livro “Olhar Feminino: o Norte na Direção”. Assim como Camila, também integra a Abraccine e o Coletivo Elviras.
Ambas têm forte ligação com o cinema feito por mulheres. Camila participa do projeto “Feito por Elas”, criado pela antropóloga Isabel Wittmann, que reúne críticas femininas para analisar e divulgar obras dirigidas por mulheres. Pâmela também expressa essa paixão por meio da literatura, de podcasts e de sua trajetória acadêmica.
Conquista e resistência
Em entrevista ao RIOS DE NOTÍCIAS, Camila destacou a satisfação de ingressar na OAFFC ao lado de outra crítica manauara, ressaltando os desafios enfrentados por mulheres, especialmente do Norte, em um meio ainda dominado por homens brancos do Sudeste.
“Entrar na OAFFC com a Pâmela, que também é de Manaus, me orgulha bastante. A crítica de cinema ainda é uma panelinha de homens brancos, principalmente os que atuam no Sudeste. Mesmo que vozes dissonantes consigam ser ouvidas, ainda é mais difícil que isso ocorra sem que questionem nosso conhecimento, muitas vezes debatendo de forma agressiva ou debochada”, afirmou.

Camila considera a entrada no Coletivo Elviras, em 2017, um ponto de virada em sua carreira, por ter conhecido outras mulheres críticas com perspectivas únicas. A participação na Abraccine, no Globo de Ouro, a cobertura do Festival de Cannes em 2024 e agora o ingresso na OAFFC são, segundo ela, sinais de avanços importantes:
“Cada vez mais, consigo ver outras colegas junto a mim”, pontuou.
Reconhecimento e reflexões
Pâmela compartilha o mesmo sentimento, classificando a conquista como um “sentimento agridoce”. Ela valoriza o reconhecimento e a possibilidade de levar a cultura amazônica para uma organização internacional, mas lamenta a falta de oportunidades para outras mulheres da região.
“Fico feliz e realizada pelo reconhecimento do nosso trabalho na crítica cinematográfica e por podermos levar a cultura da nossa região — algo intrínseco a nós — para uma organização internacional. No entanto, há um sentimento de angústia por termos tão poucas mulheres que se dedicam ao trabalho ou que têm visibilidade e oportunidade como nós tivemos”, destacou.

Ela também refletiu sobre a necessidade de criar mais espaços para que mulheres possam consolidar suas carreiras na crítica cinematográfica.
“Para mim, que sempre sonhei em ser crítica, mas não tinha muita ideia dos caminhos para alcançar esse sonho, sou grata pelas pessoas e encaminhamentos que recebi e ainda recebo”, finalizou.












