Lauris Rocha – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – No dia 22 de março, por volta das 7h da manhã, um cano da concessionária Águas de Manaus se rompeu na rua Aracy Guimarães, comunidade Coliseu, no bairro Jorge Teixeira, zona Leste da capital. O incidente provocou infiltrações no solo e resultou em deslizamentos de terra, afetando diretamente moradores da região — muitos dos quais continuam sem assistência adequada.
Um dos prejudicados é o eletricista Cleunilde da Silva, de 65 anos, que entrou em contato com a concessionária assim que percebeu o rompimento. No entanto, no dia seguinte, 23/3, uma árvore caiu sobre sua casa, que acabou soterrada.
“Entrei em contato no mesmo dia com a Águas de Manaus, informando que meu terreno era baixo. Prometeram resolver em 48 horas. Mas, por volta da meia-noite, a árvore caiu sobre a casa. Felizmente, ninguém da minha família morreu, mas perdemos nosso lar. A empresa só apareceu nove dias depois para uma inspeção, e não fez mais nada”, desabafa Cleunilde.

Além da concessionária, o morador também procurou o Procon e a Defesa Civil Municipal, mas diz que até agora nenhuma solução concreta foi apresentada.
“No dia 27 de março, um agente da Defesa Civil esteve aqui, pegou minha documentação e prometeu uma resposta. Deixou um número para contato, mas ninguém atende. Fui direcionado para um abrigo, mas não havia condições de ficar lá, era um lugar fechado e inadequado”, relata o eletricista, que afirma pagar todas as contas regularmente e possuir terreno legalizado.

A situação não afeta apenas Cleunilde. Outros moradores da comunidade também vivem com medo de novos deslizamentos. Alguns já deixaram o local.
“Vivemos à sombra do medo”
A aposentada Rosa Tereza de Souza Vieira, de 63 anos, mora há três anos na comunidade e conta que foi destratada por um representante da Defesa Civil.

“Disseram que não podiam fazer nada porque moramos em área de risco. Mas eu não tenho como comprar um terreno caro. Comprei esse por mil reais, parcelado. Se eu tivesse dinheiro para morar na Ponta Negra, eu estava lá. Vivo com medo, a esposa do meu filho tem um bebê e a qualquer momento o barranco pode ceder”, lamenta.
A jovem Raquel Oliveira de Aquino, de 19 anos, também expressou o desespero da comunidade, visto que precisam de um lugar seguro para viver.
“Meu marido e eu trabalhamos de domingo a domingo. Não tenho condições de ir para um abrigo de idosos, como fizeram com meu vizinho. Na época da eleição, prefeito e governador aparecem por aqui. Só queremos um lugar seguro para viver com nossas famílias”, desabafa.

Resposta das autoridades
O Portal Rios de Notícias procurou a Prefeitura de Manaus e a concessionária Águas de Manaus para esclarecimentos.
Em nota, a prefeitura afirmou:
“A Secretaria Executiva de Proteção e Defesa Civil de Manaus (Sepdec) informa que a ocorrência registrada pelo senhor Cleunilde da Silva foi atendida e encaminhada à Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Cidadania (Semasc), para inclusão no programa de auxílio aluguel. A prefeitura segue comprometida em oferecer suporte às famílias em situação de vulnerabilidade.”
Já a concessionária Águas de Manaus declarou:
“A Águas de Manaus corrigiu um vazamento no dia 23 de março no local. A empresa está realizando um levantamento para verificar se há responsabilidade da concessionária em outras ocorrências na região.”












