Júnior Almeida – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – “A vítima já vinha sendo alvo de injúrias homofóbicas, e isso, ao que tudo indica, foi a motivação do crime”, afirmou o delegado-geral adjunto da Polícia Civil do Amazonas, Guilherme Torres, durante coletiva de imprensa realizada na sede da Delegacia Geral, após a apreensão de um dos adolescentes suspeitos de espancar até a morte Fernando Vilaça.
A declaração foi dada nesta quarta-feira, 9/7, após o jovem de 16 anos, envolvido no crime, se apresentar espontaneamente à Delegacia Especializada em Apuração de Atos Infracionais (DEAAI), acompanhado por um advogado. O segundo suspeito, de 17 anos, segue foragido.
Segundo o delegado Luiz Rocha, titular da DEAAI os dois adolescentes são primos e fugiram de casa após a confirmação da morte da vítima. Um deles já tinha histórico de agressividade e chegou a ser expulso da mesma escola que a vítima estudava, por atos violentos.
O delegado explicou que, após identificar os autores, os policiais foram ao local onde eles moravam, no mesmo bairro da vítima, mas os jovens já haviam fugido. Diante disso, a delegacia representou pela busca e apreensão, medida que foi aceita pelo Ministério Público e pela Vara da Infância e Juventude Infracional.
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“A investigação indicou provas suficientes da participação deste jovem que foi apreendido pelo crime. Esperamos cumprir o mandado de apreensão do segundo envolvido com brevidade”, reforçou Luiz Rocha.
O adolescente apreendido vai responder por ato infracional análogo ao crime de homicídio qualificado por motivo fútil e será encaminhado à Unidade de Internação Provisória (UIP), onde ficará à disposição da Justiça.
Relembre o caso
Fernando Vilaça, de 17 anos, foi espancado brutalmente na noite de 2 de julho, no bairro Gilberto Mestrinho, zona Leste de Manaus. Segundo testemunhas, ele foi atacado após sair de casa para comprar leite, e era alvo constante de bullying e ofensas homofóbicas.
O jovem foi levado ao Hospital e Pronto-Socorro Platão Araújo, e posteriormente transferido ao Hospital João Lúcio. Apesar dos esforços médicos, Fernando não resistiu aos ferimentos e morreu.
De acordo com o Instituto Médico Legal (IML), a causa da morte foi: traumatismo craniano, edema cerebral, hemorragia intracraniana e lesões por ação contundente.
A Polícia Civil afirma que o caso continua sob investigação, com foco na localização e apreensão do segundo suspeito e no aprofundamento da motivação homofóbica do crime.
Defesa da família de Fernando
O advogado Alexandre Jr., que representa a família da vítima, solicitou apoio federal para o caso. Em vídeo nas redes sociais, ele pediu que a Ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, acompanhe o caso pessoalmente.
“Nós ingressamos oficialmente na defesa dos familiares de Fernando Vilaça, que foi brutalmente assassinado por dois menores infratores que cometeram homicídio por motivo torpe”, declarou.
O advogado também afirmou que há provas suficientes e que o caso gerou comoção e revolta nacional, além de envolver um beneficiário do programa Pé de Meia do governo federal.












