Iris Fontenele – Rios de Noticias
MANAUS (AM) – Em um mundo hiperconectado, em que o celular se tornou quase uma extensão do corpo humano, a ideia de passar 72 horas desconectado pode soar radical – ou até impossível – para muitos.
Mas e se esse breve “detox” fosse justamente a chave para um cérebro mais focado, criativo e menos ansioso? Pesquisas começam a revelar transformações surpreendentes quando as pessoas decidem se afastar, ainda que temporariamente, das telas.
Leia também: Influenciador Frota pede namorada Karol Oliveira em casamento após salto de paraquedas em Manaus
A desintoxicação do cérebro hiperestimulado
Um estudo conduzido pela Universidade de Heidelberg, na Alemanha, e publicado na revista Computers in Human Behavior, analisou os efeitos da abstinência parcial do celular durante 72 horas. Participaram 25 adultos, com idades entre 18 e 30 anos, todos usuários frequentes de smartphones.
Durante três dias, os voluntários puderam utilizar o aparelho apenas para funções essenciais, como trabalho, estudo e comunicação familiar.

Antes de iniciar o período de abstinência, responderam questionários sobre humor, frequência de uso e desejo em relação ao dispositivo. Também passaram por exames de ressonância magnética funcional para avaliar a atividade cerebral em estado basal.
Ao final do experimento, foram submetidos a novos exames, que revelaram alterações em regiões cerebrais semelhantes às observadas em quadros de dependência química e alcoólica. Além disso, os pesquisadores identificaram mudanças em áreas ligadas à dopamina e à serotonina, neurotransmissores que regulam o humor.
Vício digital e efeitos negativos
Especialistas apontam que a dependência do celular está diretamente associada à ansiedade, depressão e à busca constante por aprovação nas redes sociais. A exposição contínua a conteúdos que reforçam padrões irreais de vida e comportamento também tem contribuído para o aumento de transtornos psicológicos.
“Minha vida está no celular. Tudo que eu uso no dia a dia está ali, principalmente TikTok e Instagram, que são minha principal fonte de entretenimento”, relata o estudante de jornalismo, Ícaro Silva, que se define como “cronicamente online”.

O estudante contou também já ter tentado ficar sem celular, mas não conseguiu: “Comecei a ficar ansioso, como se estivesse faltando algo. É uma sensação estranha, como se eu não conseguisse fazer mais nada sem ele”.
De acordo com especialistas, relatos como esses mostram como o cérebro se acostuma à “dopamina fácil” gerada pelo uso constante das redes sociais, criando um ciclo vicioso de busca por gratificação instantânea.
Conexão com o Setembro Amarelo
Durante o Setembro Amarelo, campanha dedicada à prevenção do suicídio, especialistas reforçam a importância de práticas que promovam o equilíbrio emocional, como o detox digital, exercícios de atenção plena e momentos de desconexão.
Cuidar da mente e reduzir estímulos constantes das telas são passos importantes para prevenir sofrimento psicológico e fortalecer o bem-estar.

“O primeiro benefício imediato de desligar o celular é a calma, um suspiro silencioso de alívio. Mas o maior presente vem depois: a descoberta de que o vazio não precisa ser preenchido por notificações, mas sim pela vida real”, explicou a psicóloga Deborah Santos.












