Letícia Rolim – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O caso de Djidja, ex-sinhazinha do boi Garantido, revelou um complexo esquema de tráfico de drogas sintéticas. A situação trouxe à tona um alerta sobre a devastação que a dependência química pode causar às famílias.
A psicóloga Deborah Pacheco detalha os impactos que uma família sofre quando um de seus membros é dependente químico. Segundo ela, a primeira área afetada é a social.
“A pessoa sofre discriminação e fica sem saber como agir. A dependência leva a uma briga constante entre a necessidade química que a droga substitui no organismo e a busca por prazer, o que acaba sendo um ‘efeito placebo’ que engana a pessoa”, explica.
No caso de Djidja, a família vivenciava diariamente as consequências dessa dependência, com efeitos devastadores. A psicóloga cita a mãe de Audrey, cunhada de Djidja, como exemplo de alguém que está enfrentando constantes desafios para proteger os netos da exposição ao uso de drogas dos pais.
A dependência não se limita às drogas consideradas mais pesadas; o álcool, por exemplo, pode ter impactos igualmente prejudiciais, gerando um ambiente de violência e alta ansiedade dentro da família.
Esse fato também é reforçado pelo psicólogo Daniel Marcos da Silva Sousa.
“Temos que entender que o uso de substâncias lícitas como o álcool, já pode ser visto como um comprometedor da estrutura familiar, e não é diferente com os psicotrópicos, sintéticos e farmacológicos.”
Psicólogo Daniel Marcos da Silva Sousa.
Deborah enfatiza que a libertação da dependência é um processo intrínseco, ou seja, é uma decisão que só pode ser tomada pela própria pessoa.
“A pessoa precisa perceber o mal que está causando a si mesma. É um desgaste enorme para a família tentar convencer alguém a sair do ciclo vicioso quando essa mudança depende unicamente da percepção do dependente”, conclui.
A revelação do esquema de drogas sintéticas pela ex-sinhazinha Djidja não apenas expôs um crime, mas também destacou a luta silenciosa e muitas vezes invisível das pessoas que lidam com a dependência química.
Sinais
A psicóloga Deborah Pacheco detalha os impactos que uma família sofre quando um de seus membros é dependente químico. Segundo ela, o primeiro sinal de que a dependência está afetando emocionalmente o lar é quando o uso da substância se torna um transtorno dentro de casa.
“É sempre essa ansiedade, o medo do que vai acontecer após a utilização do entorpecente. A primeira coisa que percebemos que afeta a estrutura emocional é quando o medo passa a ser maior do que o prazer de estar ao lado daquela pessoa”, explica a psicóloga.
Além dos problemas emocionais, a dependência química tem um impacto financeiro significativo. “As pessoas envolvidas precisam de dinheiro para sustentar o vício, o que gera um grande desgaste financeiro. A tendência é que a dosagem aumente para tentar repetir a sensação inicial, tornando a família refém dessa situação”, observa Deborah.
A morte de Djidja destaca como a dependência química pode devastar famílias, especialmente quando todos os membros também são usuários. O uso de drogas por um único membro já compromete a estrutura familiar, e a situação se agrava quando mais pessoas estão envolvidas.
Caso Djidja
A psicóloga Deborah Pacheco destaca a ausência de uma rede de apoio adequada no caso da ex-sinhazinha.
“Nesse caso, a rede de apoio é uma rede adoecida, onde a pessoa fica num contexto de um looping onde ela não consegue sair daquele vício, não consegue sair daquele comportamento que degrada porque ela está constantemente dentro daquele ciclo”, disse Deborah.
Essa situação evidencia o impacto profundo na estrutura familiar quando um ou mais indivíduos fazem parte de uma composição adicta. Segundo o especialista Daniel Marcos, “São várias as consequências da ação adicta no contexto familiar, mas as principais são a inconsistência nas figuras de apoio, o isolamento, a constante busca pela recompensa ou estado de prazer.”
Daniel Marcos ressalta, ainda, a importância de reconhecer que, em 90% dos casos, o usuário de drogas enfrenta um problema emocional subjacente.
“É fundamental entendermos que um usuário de drogas é em 90% das vezes uma pessoa com um problema emocional que se instala em um luto, um sentimento de inadequação, um trauma, ou até mesmo uma predisposição neurológica”, destacou o especialista.
É imperativo abordar os reais fatores que levam à busca pela perda da realidade através do uso de substâncias, compreendendo que a adição muitas vezes está enraizada em questões emocionais profundas.












