Gabriel Lopes – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – As condenações de Cleusimar e Ademar Cardoso – mãe e irmão da ex-sinhazinha do Boi Garantido, Djidja Cardoso – foram anuladas pela Justiça do Amazonas nessa segunda-feira, 22/9.
O Portal RIOS DE NOTÍCIAS apurou os bastidores que levaram a esse novo desdobramento no caso que marcou a capital amazonense.
Cleusimar e Ademar haviam sido sentenciados a 10 anos de prisão por tráfico de drogas e associação para o tráfico. Djidja foi encontrada morta em maio de 2024 dentro de sua casa, no bairro Cidade Nova, zona Norte de Manaus, com suspeita de overdose por uso de ketamina.
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Motivo da anulação
Em nota, o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) informou que a Câmara Criminal acolheu o argumento da defesa sobre cerceamento de defesa, provocado pela juntada dos laudos toxicológicos após o prazo das alegações finais do processo.
A decisão, assinada pelo desembargador Henrique Veiga e acompanhada pelos demais magistrados do colegiado, determinou a nulidade da sentença e de todos os atos processuais subsequentes à anexação dos laudos, seguindo parecer favorável do Ministério Público do Amazonas (MPAM).
Reação da defesa
Em entrevista ao RIOS DE NOTÍCIAS, o advogado Luke Pacheco, que representa Cleusimar e Ademar, explicou que os laudos toxicológicos foram anexados duas semanas após o fim do prazo para alegações finais, mesmo estando prontos desde junho — antes da audiência de instrução e julgamento.
“Não houve oportunidade de defesa. Essa é uma nulidade absoluta que viola o direito constitucional dos réus”, destacou o advogado.
Segundo ele, a irregularidade foi apontada na apelação e reconhecida pelo próprio Ministério Público, que emitiu parecer favorável à anulação da sentença e ao retorno do caso à 1ª instância.
“Hoje, essa condenação de 10 anos e 11 meses não existe mais. Os réus voltam à condição de acusados, e o processo será retomado na 3ª Vara, com reabertura do prazo para alegações finais. A partir daí, uma nova sentença será construída — esperamos que de forma mais justa”, afirmou.

Pedidos de liberdade negados
Apesar da anulação da sentença, os pedidos de liberdade feitos pela defesa foram negados pelo TJAM. Segundo Pacheco, a equipe jurídica já trabalha em novos pedidos de soltura, com base na nulidade reconhecida.
Entenda o caso
Ao todo, sete pessoas ligadas à família de Djidja Cardoso foram condenadas pela Justiça do Amazonas. Elas são acusadas de fundar o grupo religioso “Pai, Mãe, Vida”, apontado como responsável por incentivar o uso de ketamina, uma droga anestésica com alto potencial alucinógeno.
A morte de Djidja, aos 32 anos, expôs uma suposta rede de manipulação, abusos e uso sistemático da substância dentro do grupo. O caso segue em investigação e ainda não há condenações definitivas.












