Gabriel Lopes – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Os desdobramentos do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) que envolve o núcleo central do processo por suspeita de tentativa de golpe de Estado, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foram comentados pelo analista político Diogo da Luz, nesta terça-feira, 2/9, no “Jornal da Rios”, da Rádio RIOS FM 95,7.
Para o especialista, há um entendimento de que o resultado do julgamento já estaria praticamente definido, ainda que com possibilidade de divergência do ministro Luiz Fux em relação ao relator, ministro Alexandre de Moraes.
“É a novela mais vazada em termos de informações sobre o resultado. As cartas já estão marcadas. A escolha desta semana, que envolve o 7 de setembro, não é mera casualidade”, afirmou Da Luz.
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Segundo o comentarista da Rede Rios de Comunicação, a leitura dos relatórios iniciais deve marcar a sessão deste começo do julgamento iniciado na manhã de hoje, mas a expectativa maior está nos votos dos ministros da 1ª turma, que devem começar a ser proferidos na próxima semana.
“O dia de hoje será mais chato, talvez, porque ouviremos a leitura daquele relatório sem fim, de hora, hora e meia, duas. Poucas novidades deverão aparecer. A coisa deve esquentar, de verdade, na semana que vem, quando começarão a aparecer os votos dos juízes, e aí sim a coisa vai valer”, avaliou.

Próximos passos
Diogo da Luz destacou ainda que, caso a pena seja superior a oito anos, o ex-presidente Jair Bolsonaro ficará inelegível por um longo período, o que pode comprometer de forma definitiva sua carreira política, por conta da condenação.
“Se forem oito anos, serão oito anos de inelegibilidade. Mas numa outra tentativa de candidatura, daqui a oito anos, o registro ainda seria no período de inelegibilidade. Isso acabaria valendo por 12 anos, o que, pela idade de Bolsonaro, praticamente o tiraria da disputa até o fim da vida política”, explicou.
Outro ponto levantado pelo analista foi a expectativa em torno de uma eventual prisão. “É de se supor que, a partir do dia 15 de outubro, venha a ser decretada uma prisão. Não se sabe se domiciliar, se na Papuda ou se em instalações militares. A mim parece mais provável em instalações militares, algo semelhante ao que houve com Lula”, observou.

Sobre as manifestações programadas para o 7 de setembro, Diogo acredita que elas servirão mais como espaço para a disputa de lideranças entre potenciais sucessores de Bolsonaro do que como mobilização capaz de interferir no julgamento.
“Esse 7 de setembro será muito mais pela tentativa de alguém encontrar espaço como herdeiro de Bolsonaro. Muitos hão de querer, a partir desse fim de semana, já serem indicados como candidatos de Bolsonaro às eleições”, analisou.
Sucessor?
Diogo da Luz ponderou, no entanto, que o ex-presidente pode optar por não apontar um sucessor imediato. “Não acontecerá nem nesta, nem na próxima semana. Talvez nem após a decretação da prisão. Bolsonaro pode até insistir em registrar a própria candidatura. Nada o impede de fazer isso até as convenções do ano que vem”, disse.



Na avaliação do analista, a cena política brasileira segue marcada pela imprevisibilidade, e o julgamento do Supremo Tribunal Federal deve redefinir os rumos da direita no país. Ele comparou a situação com a trajetória do presidente Lula (PT).
“Em política tudo é possível. Um personagem político não morre apenas com prisão ou cassação. Lula era dado como carta fora do baralho e hoje é presidente. Mas, neste momento, o julgamento no STF e as articulações em torno do 7 de setembro serão decisivos para o futuro de Bolsonaro e para a disputa por sua herança política”, concluiu.












