Redação Rios
BRASÍLIA (DF) – Uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) em parceria com o Laboratório Adium revela que o câncer de próstata é a doença urológica mais temida pelos homens, sendo preocupação de 58% deles, seguida pela impotência sexual, mencionada por 37%.
Os dados também mostram que, entre os homens acima de 40 anos, apenas 32% se consideram muito preocupados com sua saúde, e 46% só procuram um médico quando sentem algum sintoma. Quando recorrem ao Sistema Único de Saúde (SUS), o percentual aumenta para 58%.
O exame de toque retal, fundamental na detecção precoce de problemas na próstata, ainda causa temor em um a cada sete homens, com maior resistência entre os homens acima de 60 anos.
Esses resultados fazem parte de uma pesquisa que buscou entender a percepção dos homens sobre sua saúde. O estudo foi conduzido pelo Instituto de Pesquisa IDEIA, por meio de um aplicativo mobile, com homens acima de 40 anos de todas as regiões do Brasil.
Um dos dados mais preocupantes da pesquisa é que a maioria dos homens só procura atendimento médico quando já sente algum sintoma. No grupo de 40 a 44 anos, 49% dos homens adotam essa postura, enquanto aqueles com mais de 60 anos demonstram maior cuidado, com 78% afirmando fazer exames a cada seis meses ou um ano.
No entanto, mesmo com esses números, metade dos homens com mais de 40 anos ainda tem medo ou ansiedade quando pensa em sua saúde.
O presidente da SBU, Alfredo Canalini, enfatiza a importância de uma mudança de atitude, afirmando que “a atitude do homem em só buscar atendimento quando sente algo afeta negativamente sua expectativa de vida, reduzindo-a em até sete ou oito anos em comparação com as mulheres”.
A pesquisa também mostrou que os homens têm um conhecimento limitado sobre as condições urológicas. Embora 75% tenham ouvido falar do câncer de próstata e 59% da prostatite, a hiperplasia benigna da próstata (HPB), uma condição mais comum, é conhecida por apenas 43% dos entrevistados.
Esse desconhecimento é mais evidente entre os homens mais jovens, com apenas 39% deles sabendo o que é a HPB. A estimativa é que cerca de 50% dos homens acima de 50 anos desenvolvam algum grau de HPB.
A HPB é uma condição em que a próstata, uma glândula localizada abaixo da bexiga, aumenta de tamanho devido ao crescimento celular excessivo.
Isso pode levar a sintomas como aumento da frequência de urinar, diminuição da força do jato urinário, dificuldade em iniciar a micção e sensação de urgência para urinar.
O aumento da próstata pode comprimir a uretra, o canal que transporta a urina da bexiga para fora do corpo, causando obstrução parcial do fluxo urinário. A SBU enfatiza que, embora problemas urinários se tornem mais comuns com a idade, eles não devem ser considerados normais no envelhecimento.
No entanto, 38% dos participantes da pesquisa consideram aceitável ter dificuldade para urinar com o passar do tempo, um percentual que aumenta para 48% entre os homens com mais de 60 anos.
Dados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS) indicam que, somente nos primeiros sete meses de 2023, houve 21.803 internações relacionadas ao câncer de próstata.
A estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca) para o período de 2023 a 2025 é de 71.730 novos casos anuais. Além disso, em 2022, houve 16.292 óbitos devido à doença, o que representa uma média de 44 mortes por dia.
A SBU ressalta que, embora os sintomas do câncer de próstata não sejam específicos, é importante prestar atenção a sinais como sangue na urina ou no sêmen, micção frequente, fluxo urinário fraco ou interrompido, e noctúria (a necessidade de urinar várias vezes durante a noite).
A pesquisa também revelou que os homens enfrentam outros problemas de saúde, com o sedentarismo sendo o mais citado por 26% dos entrevistados, seguido pela pressão alta (24%) e obesidade (12%). No entanto, 35% responderam que não têm nenhum problema de saúde.
Alfredo Canalini, presidente da SBU, destaca a importância da conscientização e da busca por exames de rotina, independentemente da presença de sintomas. Ele enfatiza que “os homens começaram a se importar com a questão do diagnóstico precoce deste tipo de tumor”.
A SBU recomenda que homens a partir de 50 anos busquem um profissional especializado para avaliação individualizada, mesmo na ausência de sintomas.
Aqueles que fazem parte do grupo de risco, como afrodescendentes ou aqueles com parentes de primeiro grau com câncer de próstata ou obesidade, devem começar os exames mais cedo, a partir dos 45 anos. O diagnóstico da próstata envolve a dosagem do PSA no sangue, juntamente com o exame de toque.
O tratamento varia de acordo com o estágio da doença, condições clínicas e preferência do paciente, incluindo cirurgia, radioterapia, vigilância ativa, hormonioterapia, quimioterapia e radiofármacos.
Canalini também enfatiza a importância de adotar um estilo de vida saudável, incluindo parar de fumar, manter uma alimentação equilibrada, fazer exercícios regularmente e evitar a obesidade.
*Com informações da Agência Brasil












