Caio Silva – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil registrou crescimento de apenas 0,4% no segundo trimestre de 2025, o que levou o país à 32ª posição entre 49 economias avaliadas pela agência Austin Rating. No primeiro trimestre, o país havia ocupado o 2º lugar no ranking global, impulsionado por uma safra recorde do agronegócio.
Segundo o consultor financeiro Alan Hans, a desaceleração é significativa. “No primeiro trimestre, o agronegócio sustentou um crescimento expressivo, mas no segundo trimestre o PIB recuou, mostrando perda de dinamismo econômico em comparação a outros países que avançaram mais”, explicou.
Hans apontou três fatores principais para o desempenho: “Efeito de base forte no 1º trimestre, juros elevados e incertezas fiscais. A Selic alta, em torno de 15% ao ano, freia investimentos e consumo, configurando um ‘voo de galinha’ para o PIB”.

O especialista destacou ainda que, mesmo com crescimento modesto, o Brasil ficou atrás de outros emergentes asiáticos, como Indonésia (4%), Taiwan (3,1%) e Malásia (2,1%), além de países latino-americanos como México (0,6%) e Colômbia (2,1%).
“Enquanto grandes economias, como Alemanha, França e Reino Unido, também cresceram pouco, o desempenho brasileiro ainda não impressiona: é um crescimento lateral, indicando competitividade mais fraca frente a centros globais e emergentes mais dinâmicos”, afirmou.
Para o economista Inaldo Seixas, o resultado evidencia a dependência do agronegócio. “No primeiro trimestre, o setor agrícola concentrou resultados positivos. No segundo trimestre, a maior parte da safra já havia sido negociada e o crédito caro começou a afetar o comércio e o consumo das famílias”, explicou.
Ele acrescentou: “O crédito está caro, o que reduz a demanda por bens e serviços e impacta diretamente o PIB. Esse efeito é potencializado pelas incertezas fiscais e tarifas que atingem o setor de exportação”.

Hans ainda alertou para os efeitos do crescimento tímido sobre investimento, emprego e confiança econômica. “Crescimento fraco tende a reduzir o apetite por novos investimentos, diminuir a geração de empregos e limitar o avanço da renda per capita. Além disso, pode minar a confiança de investidores locais e internacionais, afetando fluxos de capital e liquidez no mercado”, disse.
Os especialistas defendem medidas estruturais para reverter o cenário, incluindo diversificação da economia, reequilíbrio fiscal, política monetária mais equilibrada e reformas que melhorem o ambiente de negócios e a competitividade global. “O país precisa deixar de depender apenas das safras agrícolas e criar motores de crescimento mais sustentáveis”, concluiu Hans.
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