Redação Rios
MANAUS (AM) – A batida envolvente do Beiradão — ritmo nascido às margens dos rios amazônicos — ganhou espaço especial nessa quinta-feira, 21/8, durante uma oficina na Escola Superior de Artes e Turismo da UEA (ESAT/UEA). O encontro marcou mais um passo no reconhecimento oficial dessa manifestação cultural como patrimônio do Brasil.
A atividade integra a programação do Festival do Beiradão do Amazonas, e foi conduzida com o apoio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
A proposta é simples e poderosa: reunir quem vive e faz o Beiradão para ajudar a construir o inventário participativo que vai subsidiar o pedido de registro desse bem cultural.

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Muito além da música, o Beiradão mistura sons, danças, festas, saberes, religiosidade, comida e modos de viver típicos da Amazônia. E tudo isso nasceu nos anos 1970, quando bandas percorriam os rios para tocar em festas religiosas.
O auge veio nos anos 1980, com um som vibrante e dançante, marcado por guitarras, saxofones e influências da lambada, salsa, cúmbia e calypso.
“Queremos que o Brasil reconheça essa força cultural que pulsa nos 62 municípios do Amazonas. O Beiradão gera renda, une gerações e já conta com mais de 200 músicos se identificando como beiradeiros”, explicou Paulo Moura, produtor cultural, coordenador do festival e diretor do documentário O Áureo da Música do Beiradão nas Rádios Manauaras na Década de 80.
A oficina contou com a presença de pesquisadores e artistas ligados ao movimento, como Eliberto Barroncas, Rafael Ângelo, Hadail Mesquita e o próprio Paulo Moura. A ideia é construir o processo de patrimonialização de forma colaborativa, ouvindo quem carrega essa cultura no corpo e na memória.
“Mostramos como funciona o registro de um bem cultural no Iphan. O Beiradão será documentado com a participação ativa dos fazedores e comunidades envolvidas”, reforçou Beatriz Calheiro, superintendente do Iphan no Amazonas.
Desde 2023, o Beiradão já é patrimônio cultural imaterial no estado, por meio da Lei nº 6.448, da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam). E agora também tem um Dia Estadual: 3 de outubro, oficializado pela Lei nº 6.797, de 2024.
Hadail Mesquita, um dos nomes fortes do movimento, também atua na Frente Parlamentar em Defesa da Cultura e do Patrimônio Histórico da Aleam, representando o Beiradão e suas vozes.
Encerramento em grande estilo no Largo de São Sebastião
Para fechar o Festival com chave de ouro, nesta sexta-feira, 22/8, o Largo de São Sebastião, no Centro de Manaus, vai virar palco para muita música, cultura e sabores amazônicos. O evento acontece das 17h às 22h, com entrada gratuita.
No line-up:
🎶 Água Cristalina
🎶 Nunes Filho
🎶 Márcia Novo
🎶 Hadail Mesquita
🎶 Alaídenegão
🎶 Orquestra de Beiradão do Amazonas
🎧 DJ Surubim
Além dos shows, o público poderá aproveitar barracas com comidas típicas, artesanato e muita celebração da cultura ribeirinha.












