Júlio Gadelha – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – A Comissão de Segurança Pública da Câmara Municipal de Manaus realizou nesta sexta-feira, 12/12, uma audiência pública para um debate técnico sobre o avanço das organizações criminosas e os desafios enfrentados pelo Amazonas.
O encontro aconteceu no auditório Naíde Lins, do Centro Universitário Fametro, e foi uma iniciativa do vereador Coronel Rosses (PL), que presidiu a sessão e contou com a presença de autoridades e especialistas nacionais.
O vereador Coronel Rosses afirmou que a audiência pública tem como objetivo “criar conhecimento para fomentar uma nova geração de conteúdo” e, a partir disso, contribuir para “gerar uma nova onda de enfrentamento pelo poder público”, buscando sensibilizar os gestores sobre a necessidade de investimentos e novas políticas.
A pré-candidata ao governo do Estado e reitora da Fametro, Maria do Carmo (PL) , também participou da audiência e criticou a legislação brasileira sobre tráfico de drogas, afirmando que aspenas são “muito frouxas” e não desencorajam a criminalidade.
“Bandido tem que ser enfrentado com a força da lei e com a força das armas. E isso a gente não faz sem polícia, sem estratégias, sem meios para combater o crime, porque eles são perversos”, declarou.
O tema foi reforçado pelo comandante do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) do Rio de Janeiro, tenente-coronel Marcelo Corbage, e pelo deputado federal Alberto Neto (PL-AM).
Corbage destacou que a segurança pública é a base de todas as outras políticas.“A segurança é o pilar de tudo. Sem segurança não tem educação, não tem lazer, não tem economia”, disse. Ele também defendeu mudanças na legislação. Para ele, o país precisa abandonar “leis brandas e lenientes”, que dificultam o enfrentamento às facções.
Alberto Neto afirmou que é preciso mostrar que “o crime não compensa”, criticando diretamente as penas aplicadas a líderes de facções. Segundo ele, a punição atual permite que criminosos “voltem rapidamente para a vida” ilegal.
Ouro vira moeda do crime
O delegado federal aposentado Dr. Honazi Farias, especialista em crimes financeiros e lavagem de dinheiro, explicou que o Amazonas tem uma particularidade: o uso do ouro como ferramenta de lavagem.
“A lavagem de dinheiro aqui no estado tem o diferencial dos crimes ambientais, a possibilidade de fazer com que o ouro seja utilizado para que as organizações criminosas possam comprar o que eles querem”, afirmou.
Ele também mencionou, que facções trocam drogas por ouro do garimpo ilegal e, com esse ativo, conseguem fazer compras, pagar pessoas, financiar campanhas eleitorias e corromper agentes públicos, fortalecendo sua presença em áreas onde o Estado não chega.
Audiência Pública
A audiência teve como objetivo construir estratégias e recomendações que serão encaminhadas aos órgãos de segurança, com foco no combate ao crime organizado, inteligência policial e fortalecimento institucional.
Participaram do debate:
- Tenente-coronel Marcelo Corbage, comandante do BOPE do Rio de Janeiro;
- Coronel Uirá do Nascimento Ferreira, subsecretário de Inteligência da PM do RJ;
- Dr. Honazi Farias, delegado federal aposentado e especialista em crimes financeiros;
- Major Raphael Paulino, chefe da Seção de Projetos do BOPE (RJ).
Os convidados apresentaram diagnósticos sobre o avanço das facções, lacunas na legislação e caminhos para fortalecer as operações integradas no estado.












