Caio Silva – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Dados divulgados pelo Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU) revelam que, no primeiro semestre de 2025, 60 motociclistas morreram nas ruas de Manaus. As informações foram publicadas no último domingo, 27/7.
Apesar da redução de 16% em relação ao mesmo período de 2024 — quando foram registradas 72 mortes —, os números de acidentes de trânsito envolvendo motociclistas seguem elevados.
O Portal RIOS DE NOTÍCIAS conversou com o especialista em trânsito Manoel Paiva, que apontou medidas para melhorar a mobilidade urbana e a segurança de quem utiliza motocicletas como meio de transporte.
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Crescimento da frota
Segundo o especialista, o aumento no número de veículos, especialmente motocicletas, foi significativo em 2024 — um crescimento de 10,9%, com 32.315 novas unidades registradas. Esse avanço reflete a busca por um meio de transporte individual mais econômico, rápido e acessível.
“Isso intensifica o trânsito e impacta diretamente na qualidade e segurança dos deslocamentos diários”, afirma Paiva.

Ele ressalta que a má qualidade do transporte coletivo é outro fator que leva a população a optar pelas motocicletas.
“O sistema atual não oferece atrativos operacionais, financeiros ou de serviço. Falta segurança, conforto, confiabilidade, menor tempo de espera e itinerários eficientes. Por isso, o transporte coletivo urbano vem sendo cada vez mais abandonado”, pontua.
Outro impacto destacado por Paiva é o crescimento desordenado da frota, que contribui para congestionamentos nos principais corredores viários da capital amazonense.
“Os engarrafamentos reduzem a velocidade média nas vias para 12 km/h. Todos — ônibus, caminhões, carros, motos e bicicletas — ficam juntos, misturados e parados. Isso provoca estresse, impaciência, acidentes e mortes”, alerta.
Medidas estruturais
O especialista destaca que, segundo especialistas brasileiros e japoneses em segurança no trânsito com motocicletas, é essencial investir fortemente em infraestrutura viária e na formação de condutores — motoristas e motociclistas —, sem abrir mão da fiscalização e punição.
“Precisamos de uma abordagem multidisciplinar para reduzir os sinistros de trânsito, principalmente os envolvendo motos. Um dos principais problemas apontados é a fraca formação dos condutores”, afirma.
Paiva defende um aumento significativo nos investimentos em infraestrutura, sinalização e fiscalização:
“É preciso multiplicar por quase 100 vezes o orçamento destinado a essas áreas. A repressão às infrações é essencial. O medo de ser punido educa. Há uma relação direta entre o número de multas e a queda nos acidentes. No Japão, após a implementação de leis mais rígidas, as multas aumentaram exponencialmente, mas com o tempo caíram, assim como as mortes no trânsito”, explica.
Sobrecarga no sistema de saúde
Paiva também chama atenção para os impactos dos acidentes com motociclistas na rede pública de saúde.
“As UTIs estão lotadas de vítimas de acidentes com motos. Clínicas de reabilitação operam com mais de 70% de ocupação de pacientes sequelados. Isso gera um custo altíssimo ao sistema público”, alerta.
Segundo ele, em todo o país, os atendimentos de emergência envolvendo motociclistas aumentaram nos últimos anos.
“De cada 10 pacientes que chegam à emergência, seis são vítimas de acidentes com moto. Aos fins de semana, esse número cresce. A maioria são homens, jovens e adolescentes, muitos sem habilitação”, enfatiza.
Investimento na infraestrutura viária
Diante de acidentes recentes em Manaus, como o que vitimou Giovana Ribeiro em julho — cuja perícia apontou omissão da Prefeitura de Manaus —, Manoel Paiva reforça a necessidade de ações estruturais para reduzir a mortalidade no trânsito.
“É fundamental aprimorar os programas de manutenção e conservação das vias, além de ampliar a sinalização nos principais corredores estruturais da cidade e nos chamados ‘pontos negros’ de acidentes”, conclui.












