Lauris Rocha – Rios de Notícias
MANAUS (AM) – Alesson Pessoa Mota e Francisco de Almeida serão julgados nesta quinta-feira, 22/5, a partir das 8h, pela 2ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Manaus, acusados pela morte de Viviane Costa de Castro, ocorrida em 23 de maio de 2013, no bairro Cidade Nova, zona Norte da capital.
A advogada Tallita Lindoso, assistente de acusação no julgamento, conversou com o Portal RIOS DE NOTÍCIAS sobre o caso e a expectativa da família, que aguarda justiça há 12 anos.
O crime
Viviane, técnica em enfermagem de 28 anos, foi assassinada quando seguia para o trabalho, acompanhada pela mãe, uma irmã e a sobrinha, todas dentro do carro. Segundo a denúncia do Ministério Público do Amazonas (MP-AM), dois homens armados, em uma motocicleta, se aproximaram do veículo e efetuaram os disparos. A vítima morreu no local, sem chance de ser socorrida.
De acordo com as investigações, o crime foi motivado pelo inconformismo de Alesson com o fim do relacionamento. Ele era ex-noivo de Viviane e pai de uma das filhas da vítima, que na época tinha apenas dois anos de idade. Viviane também era mãe de uma adolescente, de 15 anos.

Ciclo de violência e ameaças
Tallita Lindoso revelou que Viviane vivia um ciclo de violência doméstica — física, psicológica e moral —, além de ameaças que se estendiam à sua família. “Inclusive, um parente próximo dela, que era seu confidente, chegou a ser alvejado com quatro tiros por tentar interferir na relação dela com Alesson”, relatou a advogada.
A investigação identificou três episódios marcantes que foram decisivos para elucidar o crime.
“Houve um assalto na casa da Viviane, cometido pela mesma pessoa que efetuou os disparos: Francisco. Ele entrou na residência supostamente para roubar, colocou uma arma na cabeça dela, ameaçou matá-la e passava informações pelo telefone. Depois, em 2012, houve uma tentativa de homicídio: Viviane dirigia quando foi baleada no pescoço, mas sobreviveu graças ao socorro de colegas da área de saúde”, explicou Lindoso.
Segundo a denúncia, o crime foi premeditado, com motivo torpe e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima, surpreendida enquanto dirigia, sem qualquer possibilidade de reação.

Conexões reveladas pela investigação
As investigações revelaram que Francisco era o responsável pela motocicleta usada no crime e pelo suposto assalto anterior. A partir dessa identificação, a polícia estabeleceu a conexão entre ele e Alesson.
“Foi descoberto que Francisco era policial militar e que Alesson possuía uma oficina mecânica conhecida na cidade, onde consertava veículos de policiais. A motivação de Alesson era não aceitar o fim da relação”, explicou a advogada.
Medo e busca por justiça
Após o crime, a família de Viviane precisou deixar Manaus por conta das constantes ameaças.
“Foram muitos atentados contra a família. Agora, na busca por encerrar esse ciclo, eles estarão presentes no Fórum, numa mobilização pedindo justiça, especialmente em nome da mãe da Viviane”, destacou Tallita Lindoso.
Joana da Graça da Costa Souza, mãe de Viviane e responsável pela criação das duas netas, reforçou o apelo. “Queremos apenas justiça. Não é justo que um crime tão cruel e marcado por tanto sofrimento fique impune”, declarou.
Após mais de uma década de espera, a expectativa da família é que o júri popular reconheça a gravidade do crime e traga algum alento à dor que carregam desde então.












